Defesa de PMs presos por operação em Pau D’Arco critica delação de policiais civis

Foto: Divulgação

A defesa dos policiais militares que participaram da operação em Pau D´Arco criticou a delação dos policiais civis, que terminou com a prisão de 13 suspeitos da chacina na fazenda Santa Lúcia, no sudeste do Pará. O depoimento dos delatores contrariou a versão dos outros policiais, que alegam confronto com os posseiros.


No dia 24 de maio, durante uma operação policial que cumpria 14 mandados de prisão contra suspeitos de envolvimento na morte de um segurança da fazenda Santa Lúcia, dez trabalhadores foram assassinados a tiros.

O advogado dos 11 policiais militares presos disse que a delação de dois policiais civis é uma tentativa de escapar da prisão.

“São forças de segurança que estavam ali para cumprir uma ordem judicial e partiram para uma situação para tentar se salvar de uma eventual prisão, caso ocorresse. E resolveram simplesmente empurrar para quem não pode se manifestar, por enquanto. Eles fizeram o serviço deles, como segue a norma policial, eles foram lá, deram o efetivo apoio e agiram de acordo com a norma. Agora, se os delatores, que assim dizem, anunciaram que um ou outro policial transgrediu da disciplina e cometeu crime com excesso, tem que ser provado”, afirmou o advogado dos PMs, Arlindo Costa.

Os delatores disseram que quando chegaram a fazenda Santa Lucia, algumas vítimas estavam vivas e algemadas. Os depoimentos contrariam a versão dos outros policiais, de que foram recebidos a bala quando tentavam cumprir mandados de prisão em Pau D’Arco em maio.

Sobreviventes dizem que não usaram armas e a perícia não encontrou vestígios de pólvora nas mãos das vítimas. Dez posseiros morreram, nove foram baleados no peito e a única mulher recebeu um tiro na cabeça. Nenhum policial saiu ferido.

Foto: Divulgação

“Diferentemente do que foi veiculado na divulgação do resultado da perícia por parte do Centro de Perícias Renato Chaves, os tiros dados não foram à distância. A conclusão dos laudos que foram entregues ao Ministério Público aponta que parte dos tiros foram dados a queima roupa, tanto que tem a marca do chamuscamento na pele das vítimas. Outro fator importante nessas investigações é que a direção dos tiros foi de cima para baixo”, ressalta o promotor de Justiça Leonardo Caldas.

Prisões

Treze policiais estão presos em Belém, sendo 11 policiais militares e dois civis. A justiça determinou a prisão dos policiais por 30 dias para evitar que eles pudessem ameaçar testemunhas e atrapalhar as investigações. Segundo as investigações, há indícios de manipulação de provas para encobrir uma execução planejada. Os corpos das vítimas foram retirados do local antes da chegada da perícia.

O vice presidente do Sindicato da Polícia Civil, Pablo Farah, falou que os dois policiais civis presos disseram que quando entraram na fazenda os posseiros já estavam mortos. ?A gente vai esperar a finalização da investigação para poder se posicionar. Se houve excesso, houve erro e a participação de algum policial, essa conduta será individualizada e ele será responsabilizado ?, disse Pablo.

Os policiais presos vão ser ouvidos pela Polícia Federal . Segundo os promotores do caso, os policiais civis que fizeram a delação disseram que foram ameaçados, coagidos a participar das execuções e que existia um pacto de silêncio.

“Ou eles aderiam a conduta ou eles seriam as baixas do lado dos policiais, o que legitimaria até a investigação, porque se tivesse acontecido alguma coisa com os policiais, talvez a tese da legítima defesa estaria robustecida e talvez nós nem estivéssemos aqui agora”, afirmou o promotor Alfredo Amorim.

“Um deles [policial civil] atirou. Ele está confessando que atirou, ele não é oportunista. Ele está dizendo, eu fiz, eu fiz sob coação”, relata ainda o promotor.

A chacina

A chacina de Pau D?Arco, como o crime ficou conhecido, aconteceu no dia 24 de maio, na fazenda Santa Lúcia. Um grupo de policiais civis e militares foi até a fazenda para dar cumprimento a mandados de prisão de suspeitos de envolvimento na morte de Marcos Batista Ramos Montenegro, um segurança da fazenda que foi assassinado no dia 30 de abril.

De acordo com a polícia, os assentados tinham um arsenal de armas de fogo e reagiram à presença dos policiais. Mas familiares das vítimas e sobreviventes alegam que a ocupação da fazenda era pacífica, que os policiais chegaram de forma truculenta e atiraram sem provocação.

Fonte: ITAQUERA

 

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