
Com taxa de desocupação de 22,5% entre pessoas de 18 a 24 anos, a região enfrenta grandes desafios; formação prática aparece como caminho para o primeiro emprego
“Desde o ensino médio eu tentava uma vaga como menor aprendiz ou mesmo qualquer primeiro emprego e nunca conseguia. Isso me frustrava muito”, relembra a amazonense Lorrany Araújo, de 21 anos. Após concluir o ensino médio, ela ainda passou um ano inteiro enviando currículos sem obter resposta. Um cenário que reflete a realidade de muitos jovens brasileiros sem experiência profissional.
A região Norte do país lidera a taxa de desocupação entre jovens de 18 a 24 anos, com 22,5% sem emprego, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua 2024), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice está acima da média nacional, que foi de 16,3% no mesmo período. A “falta de experiência”, apontada como o principal obstáculo, cria um ciclo difícil de romper. Estima-se que aproximadamente 583 mil jovens vivam na região sem estudar e sem trabalhar.
Nova oportunidade
Para Lorrany, o rumo mudou quando decidiu buscar uma formação profissionalizante que a colocasse no mercado de trabalho em pouco tempo. Em 2022, iniciou o curso de auxiliar em saúde bucal no Centro de Ensino Técnico (Centec), escola com mais de 15 anos de atuação em Manaus.
“Durante uma aula, um administrador do Centec avisou sobre vagas de estágio na minha área. Fui até a clínica odontológica para a entrevista e passei na seleção”, conta. Em menos de seis meses de curso, ela não apenas conquistou a primeira experiência profissional como também foi efetivada e continua trabalhando na área. “Acredito que o curso profissionalizante abre portas. Indico muito”, afirma.
Transformação profissional
Para Deborah Lima, 25 anos, a formação técnica em segurança do trabalho foi um divisor de águas em sua vida profissional. Antes de buscar qualificação na área, ela trabalhava com maquiagem, mas decidiu mudar radicalmente de trajetória em busca de melhores oportunidades de crescimento.
“Sair da minha zona de conforto foi um grande desafio. Troquei os pincéis de maquiagem por EPIs, capacete e bota de segurança”, relata. A aposta em uma formação técnica deu certo. “Entrei no curso com 23 anos e, no mês seguinte, já estava estagiando. Após cinco meses, fui contratada como auxiliar e hoje, depois de finalizar o curso, aguardo a efetivação como técnica”, diz.
Uma ponte para o mercado
O diretor do Centec, Waldenir Carvalho, destaca que é muito comum estudantes, principalmente jovens, buscarem a formação técnica como caminho para o primeiro emprego. “Temos desde alunos que ainda estão no ensino médio e já buscam a formação profissionalizante até aqueles que concluíram o ensino básico e querem ter uma profissão. Nossa escola oferece uma formação que integra teoria e prática, desenvolvendo competências essenciais para o desempenho de excelência no mundo do trabalho. ”, explica.
Se por um lado a escola oferece a formação, por outro também atende à demanda de empresas que buscam jovens com boa qualificação e disposição para aprender. “Temos uma agência de estágios com empresas parceiras. Fazemos a ponte entre os alunos e os recrutadores. É uma parceria que tem dado muito certo. É comum que os estagiários sejam efetivados ou adquiram experiência decisiva para outras seleções”, afirma.