Dia da democracia – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Durante muito tempo o silêncio foi o maior companheiro do povo. Um povo que não podia se expressar. Só podia sentir. E o que era sentido era uma grande frustração por ser apenas um observador da própria história. Mas isso é passado.


Conquistamos a nossa liberdade, a nossa voz. Agora podemos participar, agir, falar. Agora é democracia. Vivemos uma época de contrastes. A globalização e o desenvolvimento tecnológico asseguram liberdade e homogeneidade a diferentes povos e nacionalidades distintas, possibilitando um rico e dinâmico intercâmbio cultural e intelectual. Simultaneamente, esse mesmo aparato técnico-científico atua como um instrumento de isolamento e segregação, ao passo que acaba por marginalizar as culturas mais frágeis e mais primitivas. Diante dessa conjuntura, observa-se um impasse entre a criação de uma cultura global e a preservação das diversas identidades locais e regionais. Em suma, o que ocorre é um conflito entre um mundo globalizado e único e a individualidade de cada um enquanto ser humano.

É preciso visualizar um mecanismo político capaz de assegurar o contínuo avanço da moderna sociedade e garantir as vontades e liberdades individuais de cada um de seus integrantes. É aí que entra a questão da democracia. Atualmente, utiliza-se bastante este termo para designar governo do povo, onde há liberdade, a igualdade e o respeito a cada indivíduo imperam. Entretanto, na prática, não é bem isso que acontece. O aumento das discrepâncias sociais e o benefício das elites em detrimento das classes menos favorecidas é algo notável mesmo nos governos ditos democratas. Mediante esse contexto, como é possível falar em democracia como instrumento de melhoria social e de respeito às peculiaridades de cada cidadão, especialmente nós brasileiros que vivemos em um país dito democrata, todavia extremamente injusto e desigual. Com certeza a construção de um contexto de um mundo mais igual e fraterno só será possível através da consciência individual, na busca por valores de cidadania e de justiça social.

Até agora nenhuma sociedade alcançou a democracia sendo fiel a todos os seus princípios e valores até mesmo na Grécia Antiga onde esse sistema surgiu, boa parte da população era excluída das relações sociais, através da escravidão, da marginalização e da exploração do trabalho. Ainda hoje isso acontece. Não existem mais escravos, contudo, as pessoas vivem muito em função de seu trabalho e levam uma vida material, esquecendo as questões sociais e outros aspectos essenciais à existência humana. Na verdade, quanto mais o homem avança em termos de tecnologia e ciência, menos utiliza valores de solidariedade, igualdade, fraternidade e justiça. E é por esse motivo que o Mundo está um caos.

A violência urbana, o desrespeito às individualidades, a miséria e a pobreza são frutos de um sistema elitista e autoritário. Só será possível falar em democracia no dia em que cada cidadão seja respeitado e valorizado na sua condição de ser humano porque ser democrata não é apenas diminuir as desigualdades sociais. É muito mais do que isso. Ser democrata é fazer o bem e praticar o bem. É acreditar que os problemas sociais podem ser minimizados ou resolvidos. É lutar por uma conjuntura mais digna e sensata. É se sensibilizar com uma criança abandonada e tomar algumas atitudes, ao invés de permanecer inerte. É se preocupar com a política do seu país e querer participar dela. Ir às ruas reivindicar direitos e o cumprimento das obrigações governamentais. É saber que se cada indivíduo se acomodar e achar que não pode modificar a conjuntura atual, o mundo estará partido.

É acima de tudo acreditar que cada ser humano é único e que a individualidade e as particularidades de cada um são essenciais à criação de um contexto mais abrangente, capaz de respeitar e valorizar cada cidadão. Votemos neste domingo, pensando nisso. E que vença a democracia, sem tendências ao fascismo ao autoritarismo e sem violação as normas vigentes.

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