Dialogar para conviver – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Nesses tempos difíceis, em que o diálogo é fundamental, fundamentalmente na política, ouso relembrar alguns cientistas e filósofos que absorveram e provaram o dialogo.
Isaac Newton e Albert Einstein, entre outros cientistas, demonstraram a necessidade de diálogo entre o pensamento e o objeto inanimado para se apreenderem os segredos da natureza. Nesse diálogo, o objeto da pesquisa mantém-se mudo, só revelando os seus segredos mais profundos aos que têm paciência, persistência e sutileza na abordagem.


Takeuchi e Nonaka (A criação de conhecimento na empresa) ressaltaram a necessidade do diálogo, usando metáforas e analogias, para se criarem produtos inovadores nas empresas. O conhecimento não nasce somente do diálogo isolado entre um homem e o seu objeto de pesquisa, mas, também, a partir do diálogo dos homens entre si. Sócrates mostrou a importância do diálogo como forma de trazer à luz o conhecimento, o que foi chamado de maiêutica.

Paulo Freire destacou a necessidade de uma educação dialógica. Algumas pessoas aprenderam a dialogar consigo mesmas e, assim, se autoconhecerem. Outras dedicaram-se, como cientistas, a compreender o segredo da boa comunicação no dia-a-dia. Entre elas, pode-se citar Carl Rogers, que, nas décadas de 60 e 70, procurou promover o encontro humano eficaz. Ele concluiu que a comunicação entre as pessoas é deficiente porque, geralmente, elas respondem antes de preparar o terreno.

A Enciclopédia Britânica produziu um vídeo chamado Saber Escutar, que ilustra as regras da comunicação eficiente, a partir das descobertas de Rogers. O vídeo começa explicando que, “entre todas as ferramentas da administração, saber escutar é a mais simples e a mais fácil de ser mal compreendida”.

Pode-se representar o método de Rogers, com alguma adaptação, pelo acrônimo “ocer” – ouvir, compreender, enriquecer e responder. Ouvir não é tão fácil quanto parece, pois, geralmente, preferirmos falar ou, às vezes, ficar calados. O assunto tem merecido a atenção de grandes universidades.

O professor Jorge Tadeu, da UFMG, afirmou ter feito uma disciplina durante o seu doutoramento na França, cuja única atividade que se impunha ao aluno era “escutar”. Quando alguém nos fala, quase sempre não compreendemos o que é dito, por isso, precisamos nos esforçar, perguntando e prestando atenção não só ao que se fala, mas, sobretudo, às mensagens subliminares, reveladas pelos sinais do corpo.

Recentemente, li uma pesquisa que dizia que cerca de 40% dos empregados norte-americanos não compreendem o que os seus chefes dizem. Apesar disso, eles são obrigados a agir. Imaginem os resultados! Após compreender, e antes de responder, é necessário enriquecer a conversa, concordando com o outro naquilo que julgamos que ele esteja certo. Isso faz com que ele perceba que o respeitamos, o que prepara o caminho para que passe a desejar ouvir-nos, ainda que não concordemos com ele.

Fechando-se o ciclo “ocer” – ouvir, compreender, enriquecer e responder –, aumentam-se as chances de se compreenderem as necessidades do cliente, do cidadão, do amigo, do parente e, até mesmo, do inimigo. Se o interlocutor não for determinado a dominar, como Adolf Hitler, até mesmo guerras poderiam ser evitadas. Novos produtos poderiam ser desenvolvidos sob medida e o convívio poderia ser muito mais agradável. É preciso, portanto, dialogar para conhecer e para conviver.

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