Dilma tenta manter nomes de peso no Conselhão, para salvar economia

Ministro Jaques Wagner, o articulado do Planalto/Foto: Wilson Dias

A presidente Dilma Rousseff pretende continuar contando com quadros de grande representatividade na economia e na sociedade civil, na reativação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, com o objetivo de fazer com que o órgão, que não se reúne desde 2014, mantenha nomes de expressão dispostos a discutir com o governo as medidas para salvar a economia do País este ano, já que o governo descartou a elaboração de um pacote econômico.
Desde o início da semana, a Casa Civil da Presidência tem disparado telefonemas aos antigos conselheiros, sondando-os sobre a permanência e recebendo sugestões para a nova composição. De acordo com assessores do Planalto, a manutenção de nomes como Benjamin Steinbruch (presidente da Companhia Siderúrgica Nacional), Luiza Trajano (presidente do Magazine Luiza) e de Luiz Carlos Trabuco (diretor-presidente do Bradesco) são essenciais para dar credibilidade ao Conselhão.


Nesta quarta-feira (6), o presidente do Conselho Consultivo da Gerdau, Jorge Gerdau, sinalizou que vai continuar participando das reuniões do órgão. Atualmente, o Conselhão é composto por 88 representantes da sociedade civil, entre empresários, sindicalistas, lideranças religiosas e do setor educacional. Estima-se que metade dos integrantes do órgão seja renovada, e a outra metade, mantida.

O foco na composição do Conselhão vai ao encontro do que tem sinalizado o governo nos primeiros dias do ano: para acalmar o mercado, fala-se em “medidas tópicas” e discussões estratégicas para a economia, e não mais em um plano milagroso que vá resolver todos os problemas que vão de recessão à alta inflação.

Já quanto a outros antigos integrantes do colegiado, o governo precisa encontrar substitutos por motivos óbvios: Marcelo Odebrecht, presidente da construtora Odebrecht, e José Carlos Bumlai, empresário e amigo do ex-presidente Lula, estão presos em decorrência das investigações da Operação Lava Jato, que apura esquemas de desvio de dinheiro e de corrupção na Petrobras.

Responsável pela reorganização do órgão, o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, confirmou a intenção do governo de descartar um “pacotão”. Em entrevista a jornalistas nessa quarta-feira, disse que “não tem coelho da cartola” e que a população não deve esperar “nada bombástico”, já que as medidas serão tomadas “passo a passo” visando retomar a confiança do empresariado e dos trabalhadores.

A primeira reunião do Conselhão no novo formato ainda não foi agendada, mas há a expectativa que ocorra no fim de janeiro ou início de fevereiro. A própria presidente pretende participar do primeiro encontro do órgão. Em sua fala, Dilma deverá fazer uma apresentação do que considera diretrizes para “animar o mercado”.

Segundo interlocutores do Planalto a intenção da reativação do conselho é justamente esta: discutir com representantes da sociedade o teor dessas medidas. Nesse panorama, há a possibilidade de se debater propostas de reforma trabalhista e na previdência no Conselhão, que é composto também por dezenas de ministros representando o governo.

Antes disso, porém, o governo pretende ouvir as propostas de lideranças partidárias e representantes do setor econômico. Segundo essa linha de raciocínio, não está descartada a possibilidade de a equipe econômica analisar algumas das medidas propostas pelo PMDB no documento Uma Ponte para o Futuro, divulgado em novembro passado pelo partido e visto como um aceno do vice Michel Temer ao mercado financeiro caso ocorra o impeachment de Dilma.(iG)

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