Dilma tentará salvar outro brasileiro de execução

Rodrigo Gularte, algemado, está no corredor da morte/Foto: AP
Rodrigo Gularte, algemado, está no corredor da morte/Foto: AP
Rodrigo Gularte, algemado, está no corredor da morte/Foto: AP

A reação do governo brasileiro à execução de Marco Archer levará em conta o fato de que outro brasileiro, Rodrigo Gularte, de 43 anos, está no corredor da morte na Indonésia, prestes a ter a sua data de execução anunciada.
Apesar de estudar eventuais retaliações àquele país, o governo está preocupado em manter um canal de diálogo com o governo indonésio para ainda tentar livrar Gularte da execução. O curitibano está preso desde 2004, quando tentou entrar na Indonésia com seis quilos de cocaína em pranchas de surfe.


A ministra Ideli Salvatti (Direitos Humanos) destacou que o governo buscará convencer as autoridades a substituir a pena de morte por uma internação devido a problemas psiquiátricos. No dia da morte de Marco Archer, Angelita Muxfeldt, prima de Gularte, desembarcou no país para tentar transferi-lo para uma clínica. No fim de 2014, laudo feito por um médico indonésio constatou, segundo amigos da família, que ele sofre de esquizofrenia. De acordo a embaixada brasileira em Jacarta, Gularte será examinado hoje por um psicólogo da prisão.

Em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, Clarisse Gularte, mãe do preso, admitiu que o filho errou, mas disse que “ele já pagou o suficiente”, e que deposita as últimas esperanças na transferência de Gularte para unidade psiquiátrica:

— Acredito muito, do fundo do coração, que ele não vai aguentar se ficar lá mais tempo. O objetivo é transferi-lo para um hospital psiquiátrico, para que ele receba o tratamento adequado, porque senão fica cada vez mais difícil. Eu reconheço que o Rodrigo errou, mas acho também que a pena de morte… não foi um crime tão grave assim. E ele está há mais de dez anos, eu acho que ele já pagou o suficiente, né? Então, vamos nos apegar a isso, à esperança.

Gularte e Archer chegaram a dividir cela por um período, e Clarisse conhecia não só o instrutor de voo, mas sua mãe, que morreu em 2011, e a tia, Maria de Lourdes Archer, que continua na Indonésia.

— Estou muito chocada com o que houve com o Marco, a gente estava preparado, mas quando chega o momento é muito doloroso, muito triste. Fico agora mais preocupada com o Rodrigo, mas sempre há uma esperança, a gente nunca pode perder a esperança — afirmou Clarisse anteontem à “Globo News”.

Ela visitou o filho oito vezes nos últimos dez anos. A última foi em agosto de 2014, com a filha, Adriana. Disse ter encontrado o filho 15 quilos mais magro e “completamente transformado”:

— Essa última vez já foi um susto, porque a gente já tinha sabido, aqui no Brasil, que ele não estava bem de saúde, mas sempre aquela esperança, não, isso não é nada. Mas, quando nós chegamos lá, já disseram que ele estava na enfermaria. Ele estava completamente transformado e tinha emagrecido quinze quilos.

Assim como Archer, Gularte já foi condenado em todas as instâncias por tráfico de drogas e teve negado pedidos de clemência. A ministra Ideli trata como remotas as chances de sucesso até da internação em clínica porque, para a substituição da pena, é necessário antes obter a clemência.

ITAMARATY: ROMPIMENTO TOTAL FORA DE PAUTA

No Itamaraty, um rompimento total de relações com a Indonésia não está na pauta. Diplomatas não acreditam no rompimento das relações bilaterais. A presidente Dilma deverá esperar a chegada do embaixador brasileiro na Indonésia, Paulo Alberto Soares, para definir as ações que poderiam ser tomadas. O ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) afirmou sábado que a execução de Archer cria uma “animosidade” nas relações.

O Itamaraty entregou uma nota de repúdio ao embaixador da Indonésia no Brasil na qual manifestou “inconformidade” com o fato de “gestões de mais alto nível e apelos presidenciais tenham sido ignorados pelas autoridades indonésias”. Vieira ressaltou a preocupação com o outro brasileiro, afirmando que não será poupado nenhum esforço.

Dilma teve de esperar uma semana para falar por telefone com o presidente indonésio, Joko Widodo, sendo atendida às vésperas da execução. Somente após esse contato chegou uma resposta por escrito de Widodo negando os pedidos anteriores de clemência, feitos por carta. Em meio a elogios a Dilma, citou estatísticas sobre o tráfico em seu país e negou o apelo do governo argumentando que o processo legal foi seguido no caso dos dois brasileiros.

“Gostaria de informar a Vossa Excelência que o governo da Indonésia garantiu que o processo legal fosse concluído nesses casos e todos os recursos foram empreendidos, em linha com o sistema legal indonésio”, afirmou Widodo na resposta escrita.

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