
A persistente alta da moeda norte-americana, que continuava nesta quarta-feira, arrastou os preços da gasolina, da carne e do feijão às maiores altas dos últimos anos. Nesta manhã, a Petrobras elevou o preço médio do combustível, nas refinarias, em aproximadamente 4%, na segunda alta em pouco mais de uma semana.
Com a alta, a gasolina atingiu cerca de R$ 1,92 por litro, uma máxima desde o fim de maio, quando chegou a aproximadamente R$ 1,95 por litro, segundo dados da estatal compilados pela agência inglesa de notícias Reuters. O diesel, por enquanto, foi mantido estável. Em 19 de novembro, a companhia já havia elevado o preço médio da gasolina em 2,8%, após ter ficado mais de 50 dias sem ajustar o combustível.
— O principal fator de impacto para esse aumento de preço é o câmbio — admitiu o chefe da área de óleo e gás da consultoria INTL FCStone, Thadeu Silva.
Silva ponderou, no entanto, que a gasolina também está em alta no mercado internacional, influenciando os preços da petroleira estatal.
— É até um período do ano que a gente poderia ver o mercado de gasolina (internacional) cedendo um pouco, mas isso não está acontecendo. O consumo americano ainda está bem forte — acrescentou.

Feijão
Diante da alta expressiva do dólar, os preços ao produtor de feijão carioca também subiram quase 50%, nas últimas semanas, para uma média de R$ 245 a saca em novembro. O número é cerca de 150% maior do que o verificado no mesmo período de 2018, segundo dados do Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (Ibrafe). O reflexo dessa disparada deve ser visto pelo consumidor brasileiro em, no máximo, 15 dias.
A alta no campo também reflete uma oferta abaixo da esperada na terceira das três safras da atual temporada. Os estoques estão baixos muito em virtude de estiagens que também afetaram a primeira e a segunda safras. Conforme o Ibrafe, se somadas as três safras, a produção ficou em 1,9 milhão de toneladas, para um consumo de 2,2 milhões.
Soja e açúcar
O reflexo do câmbio também era perceptível, ao longo do dia, nos açougues de todo o país. Embora a ministra da Agricultura, Teresa Cristina, tenha dito que o Brasil poderá importar carne para equilibrar os preços ao consumidor, os preços continuam altos em razão, segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafigo), devido ao crescimento das exportações, principalmente para a China.
Mas as exportações de carnes perderam fôlego e recuaram 13% em relação a outubro , registrando a retração tanto nas fazendas de suínos, aves e bovinos, ao longo deste mês. E, nesta, justamente a maior retração foi na exportação de carne in natura, a mais consumida no mercado interno.
Segundo analistas, o fator que tem influenciado na alta da commodity pecuária, o aumento do preço em reais reflete, na realidade, o aumento do valor do dólar. Outros produtos que tendem a subir, nos próximos dias, são a soja, e o açúcar, onde os preços internos guardam relação com a cotação do dólar.
Fonte: Correio do Brasil