Drones são utilizados no monitoramento de botos em rios da Amazônia

Pesquisa faz parte da Iniciativa Botos da Amazônia - Foto: João Cunha

Veículos aéreos não tripulados possibilitam, entre outras coisas, maior precisão na diferenciação entre espécies dentro de grupos


Um artigo científico publicado recentemente na revista científica Oryx – The International Journal of Conservation, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Confirma e reforça as vantagens do uso de veículos aéreos não tripulados, os “drones”, no monitoramento e geração de informações sobre os botos amazônicos.

Segundo o artigo – que tem entre seus autores a pesquisadora Miriam Marmontel, do Instituto Mamirauá, e Marcelo Oliveira, biólogo do WWF-Brasil. Os drones são um método mais barato e mais preciso de monitoramento dos botos amazônicos. Permitem a distinção de espécies diferentes dentro de um grande grupo. Pelo método tradicional, que envolve simples observação com binóculos, a diferenciação é mais difícil de ser feita.

Além disso, os drones também permitem uma maior precisão na hora de correlacionar espécies e usos de habitats;

Como resultado, diminuem o índice de comportamento responsivo dos animais, já que causam pouca perturbação nos ambientes em que estão os botos.

Pela tela, pesquisadores acompanham trajeto do drone – Foto: João Cunha

Expedição Ecodrones

Intitulado Effectiveness of Unmanned Aerial Vehicles for detection of Amazon dolphins (ou “Efetividade de Veículos Aéreos não tripulados na detecção de botos amazônicos”, em tradução livre), o artigo científico traz informações detalhadas e as principais conclusões da Expedição Ecodrones, promovida pelo WWF-Brasil e pelo Instituto Mamirauá em 2016.

Na ocasião, um grupo de cientistas percorreu 80 quilômetros do rio Juruá, no estado do Amazonas, para monitorar as populações de dois tipos de botos: o tucuxi (Sotalia fluviatilis) e o boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis). A expedição usou dois métodos de contagem dos indivíduos: a observação tradicional, com especialistas fazendo a contagem a olho nu ou com uso de binóculos, e a observação inovadora usando os drones.

O objetivo foi comparar os números gerados pelos dois métodos e saber qual deles funciona melhor – ou, de maneira mais otimista, entender como os dois métodos podem trabalhar em conjunto para gerar informações científicas mais detalhadas e apuradas.

Monitoramento de botos amazônicos pode ajudar conservação das espécies – Foto: Bernardo Oliveira

Sobre os botos

Apesar de serem animais famosos e símbolo da Amazônia, existem poucos estudos com informações científicas consolidadas sobre os botos.

Hoje, segundo a lista vermelha da The International Union for Conservation of Nature (IUCN/RedList), o boto-tucuxi (Sotalia fluviatilis) é classificado como um animal com “dados insuficientes” e o boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis) saiu dessa categoria apenas no final de 2018. Hoje, ele é considerado “em perigo” (“Endangered”, em inglês). Este é o segundo nível de ameaça mais grave para um animal e indica que a espécie pode ser extinta num futuro próximo.

Algumas das ameaças que incidem sobre os botos hoje são projetos de infraestrutura, como hidrelétricas (que cortam a ligação entre diferentes populações desses animais); a contaminação das águas por mercúrio vindo de garimpos de ouro; e a captura causada pela demanda de iscas para a pesca da piracatinga (Calophysus macropterus) em algumas regiões da Amazônia.

Acesse o artigo científico completo aqui.

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