E agora Dilma?(Por Paulo Figueiredo)

Advogado Paulo Figueiredo(AM)
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                                                           Advogado Paulo Figueiredo(AM)

Ao juiz Sérgio Moro, o marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura, confessaram que receberam US$ 4,5 milhões pelo caixa 2, como pagamento de serviços prestados à campanha de Dilma Rousseff. Logo que foram presos, ainda tentaram negar, atribuindo tais recebimentos a serviços realizados no exterior. No entanto, logo seriam obrigados a revelar a verdade, após depoimento do lobista Zwi Skornicki, que apresentou provas de depósitos feitos em conta do casal na Suíça, com recursos oriundos dos pesados esquemas de corrupção na Petrobras.
Santana também disse ao magistrado paranaense que é preciso “rasgar o véu de hipocrisia” que mascara as campanhas no Brasil, com a autoridade de quem atuou com mão de ferro e de gênio na construção do exitoso marketing político nas eleições de Lula e Dilma, de 2006 a 2014. Isto é, em português claro, ou dá ou desce, ou entra no jogo, submetendo-se ao caixa 2, ou não joga, não participa do processo e deixa de faturar muitos milhões de reais. Admite a prática do crime, mas procura sofismar, ao sustentar que não considera sujo o dinheiro que irrigou as campanhas sem escrituração legal, pois seria fruto de negociação política. Assim, alimenta a esperança de escapar das sanções penais que lhe poderão ser cominadas. Sem nenhum constrangimento, negou que soubesse da origem ilícita e corrupta das vultosas somas que recebeu diretamente do PT ou de terceiros por determinação do partido.


Ambos foram além e falaram sobre as razões de terem mentido em suas primeiras declarações prestadas à Polícia Federal a respeito do caixa 2 lulopetista. Esconderam os fatos criminosos que prejudicariam Dilma Rousseff, que já estava na ocasião com o processo de impeachment batendo às portas de seu gabinete presidencial. “Eu que ajudei, de certa maneira, a eleição dela, não seria a pessoa que iria destruir a presidente”, observou João Santana, no mesmo sentido do que já havia dito Mônica Moura, protegendo a candidata que os contratara a peso de ouro, numa campanha contaminada pelo mais despudorado estelionato eleitoral, com inverdades e falsidades de toda ordem.

É incontestável que a hipocrisia marca a ação política no Brasil, a partir do próprio universo de larga dissimulação criado pelos magos da propaganda eleitoral. Na campanha, engana-se o eleitor e plastifica-se o candidato, onde vale tudo menos perder a eleição. Usa-se, sem pejo, de expedientes os mais diversos, éticos ou aéticos, morais ou imorais, lícitos ou ilícitos. Tudo é muito falso, vende-se gato por lebre. Promete-se deus e o mundo, acena-se com o paraíso na terra, mesmo tendo-se absoluta consciência e certeza de que nada será cumprido ou nenhum compromisso honrado, nos termos estabelecidos.

A regra é a da enganação política e não há exemplo mais eloquente do que a última campanha de Dilma Rousseff, sob o preciso comando de João Santana. Ela, tatibitate, de expressões confusas, um tormento na formulação do raciocínio mais elementar, distante dos mais modestos padrões de beleza, sempre foi apresentada na telinha da tv, no horário eleitoral gratuito, como loquaz, inteligente, competente, senhora dos grandes problemas da Nação e dos desafios a serem enfrentados pelo governo, sempre muito bem maquiada, uma estampa estética.

Bem, teria que dar no que deu, no naufrágio do governo e na falência da economia, na irresponsabilidade fiscal e no desarranjo geral da administração pública. Portanto, inadmissível venha agora João Santana falar em hipocrisia, porquanto instrumento maior de seu trabalho e de suas ações profissionais. Mesmo depois de eleita, Dilma Rousseff não dispensava a assessoria e os conselhos de seu marqueteiro, especialmente ao dirigir-se ao povo brasileiro. A relação palaciana e permanente somente seria interrompida com a prisão de Santana decretada pelo juiz Moro. De igual modo, a hipocrisia, ainda que hoje corri queira no ambiente de faz de conta da democracia brasileira, jamais poderá servir como justificativa para a violação da ordem jurídica.

Caixa 2 é crime e como tal é capitulado na legislação, estando ou não sua prática disseminada pelos políticos brasileiros. A lei existe, vige e precisa ser aplicada. João Santana e Mônica Moura reconhecem que receberam dinheiro criminoso da campanha de Dilma, não contabilizado em prestação de contas oficial. Há processos de impugnação da eleição da presidente afastada ajuizados perante o Tribunal Superior Eleitoral, com fundamento em abuso do poder econômico e político. Agora, eis mais uma prova do crime, irrefutável, com origem no próprio núcl eo de sua campanha.

Desde que chegou ao poder federal, sempre algo de malcheiroso e condenável acontece em torno da presidente, envolvendo amigos próximos e assessores diretos. Chegou-se a João Santana e Mônica Moura, que enganaram o país e falsearam os fatos para não destruir a pupila de Lula. Foi o que eles disseram em juízo. E agora Dilma?(Paulo Figueiredo é Advogado, Escritor e Comentarista Político –  [email protected])

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