E viva a rebeldia – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Somente chefes medíocres aceitam funcionários idem. Também nos partidos. Chefes inexpressivos nivelam o comportamento geral ao criarem clones obedientes entre cargos, afagos e lamentáveis sorrizinhos-24 horas. Bobos da corte. Nos partidos, também. Empresas e partidos precisam de conceitos, missões, metas. Por isso, fazem história e criam referências culturais internas e externas. O modelo das chefias, repetido na casta privilegiada, dá o tom geral: ‘‘Incomodados que se mudem’’, pontificam em arrogância suprema.


Nas empresas, o impacto é menor pelo vínculo particular do negócio (a não ser quando usam dinheiro público em financiamento direto ou subsídios). Nos partidos, o choque, o conflito, a interlocução permanente, desabafos destemperados, discursos contraditórios, longe de significar fraqueza são sinal de imensa vitalidade. O pessoal que rasteja pelo poder tem dobradiças servis na coluna flexível vertebral ao invés de ossos. Adula, nunca diz não, sempre é ‘‘fiel’’ ao faro oportunista.

Detesta contraditórios. Busca a melancólica ‘‘paz dos cemitérios’’: harmonia é simulacro de grupo (todos concordam); satisfação é a droga letal da criatividade; estar confortável não é construir o melhor para a empresa, ou o partido, mas, o mais conveniente para o chefete imediato. Rebeldes pagam o pacto da mediocridade. São alvos a serem queimados na fogueira da boa conduta. Uns ardem rápido, outros são voláteis por natureza; porém, a maioria assa devagar. Isolados, caem aos poucos. Nos partidos e empresas. Vejam a equipe de transição do futuro governo Lula, tem pedidos de todo o Brasil, algumas figuras notoriamente capazes, outras nem tanto, sendo abrigadas por um guarda chuva, porque perderam eleição.

Ora, ora, a grandeza do PT (e eu não sou petista) sempre foi o debate. Abrigar facções (algumas legitimamente alucinadas) cria turbulências para irrigar tecidos a caminho da necrose. Vivificam. E o PT sempre soube lidar com a efervescência. No Brasil prevalece o estigma do partido cordeirinho (nas empresas, empregado bom é empregado calado).

Ainda bem que a vida pulsa nas contradições do caminho e incoerências naturais de quem busca, rebelde e radical por desejar as coisas pela raiz, pela essência, pela mudança estrutural. Sem medo do caos criativo. Pior é o silêncio, omisso. Brava é a empresa pública ou privada, que cresce no conflito.

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