Eduardo Cunha já admite renunciar para fugir da cassação

Cunha já admite renunciar/Foto: AC

Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não quis ligar a TV. Preferiu não assistir à sessão em que a maioria dos colegas que integram o Conselho de Ética da Câmara votou pela aprovação do relatório que pede a cassação de seu mandato, na terça (14). “Não quis me irritar”, justificou a um interlocutor. “Não posso comprometer minha capacidade de reação.”
Acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, afastado do mandato desde maio sob a alegação de que age para atrapalhar as investigações de que é alvo, ele não se dá por vencido. Costuma dizer, diante das especulações sobre a perda do mandato e da possibilidade de prisão, que há “muita guerra pela frente”.


O clima que cerca o peemedebista hoje, no entanto, evidencia que ele está longe do que foi seu auge. Às vésperas da votação do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, em abril, a antessala de seu gabinete tinha ao menos 20 deputados. Havia revezamento para falar com ele.

Atualmente, aliados escolhem horários insólitos para visitá-lo. Chegam ou muito cedo, às 07h00 da manhã, ou muito tarde, depois das 23h00, para evitar a imprensa. Muitos pedem para usar as entradas alternativas da residência oficial, as mesmas que Cunha utiliza para entrar e sair sem ser visto ou filmado.

Afastado dos salões oficiais, abandonou terno e gravata. Fica de camisa e sapatos sociais. Passa os dias debruçado sobre os processos a que responde e os que atingem sua mulher e filha. Cita de cabeça casos semelhantes, reclama de perseguição da imprensa e teoriza sobre a “criminalização da atividade parlamentar”.

Faz comparações para rebater as acusações de que manobra para protelar o desfecho de seu processo de cassação. Diz que, em outras ocasiões, a Casa levou um ano e meio para punir um deputado.

Defende-se dizendo que, se algum aliado é deslocado para comissões que avaliam seus casos, a mídia registra e critica, mas quando abrem espaços para quem ele considera um adversário, “ninguém diz que houve manobra”.

Nos últimos dias, o peemedebista recorreu intensamente às redes sociais para negar uma série de reportagens sobre o que ele planeja para o futuro. “Agora, além de dizer que não vou renunciar, tenho que dizer que não vou delatar”, disse recentemente.

Ele, no entanto, já não rechaça de maneira enfática a tese de que poderia abdicar a presidência da Câmara para tentar salvar o mandato, como pregam aliados. Já as especulações sobre se tornar um delator o irritam. Tem dito que quem alimenta esse noticiário quer isolá-lo.(Diário/Arapiraca)

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