Educação Escolar Indígena retoma atividades com ensino híbrido e calendário diferenciados

Secretaria de Educação conta, atualmente, com 31 escolas indígenas e 486 salas anexas espalhadas pelo estado


A Educação Escolar Indígena (EEI) da rede pública estadual passou por um momento atípico em 2020. Por conta da pandemia de Covid-19, a modalidade de ensino teve suas atividades suspensas durante todo o ano. Diferentemente do que houve em Manaus e no interior, onde foram adotados os ensinos remoto e, posteriormente, híbrido, os estudantes que frequentavam as 31 escolas indígenas e 486 salas anexas espalhadas pelo estado precisaram “renunciar” aos estudos.

Agora, um ano após essa suspensão, a Secretaria de Estado de Educação e Desporto, munida da experiência adquirida pelo ano escolar de 2020, retomou as aulas presenciais da modalidade, também de forma híbrida. Porém, ao invés de terem como aliados os smartphones, computadores e outros aparatos tecnológicos, os alunos da EEI contam com o revezamento de atividades presenciais e estudos dirigidos, onde são orientados pelos professores a dar continuidade aos conteúdos e pesquisas diretamente do conforto e segurança de suas casas.

Foto: Divulgação/Seduc-AM (obs.: imagens registradas antes da pandemia)

Além disso, para repor o período de paralisação das aulas, a secretaria, por meio do Departamento de Política e Programas Educacionais (Deppe), redesenhou o calendário escolar da EEI para que o mesmo contemplasse, somente neste ano, os anos letivos de 2020 e 2021. Para isso, a pasta realizou, no último dia 15 de março, a primeira de duas edições da “Jornada Pedagógica Indígena”, voltada a coordenadores, gestores, professores e pedagogos da modalidade, de todo o Amazonas.

O evento, uma espécie de formação e preparação da equipe escolar para as atividades letivas, aconteceu de maneira on-line e teve como tema “Outros olhares e novos caminhos: repensando práticas educativas da Educação Escolar Indígena no cenário atual”. A segunda edição da Jornada está prevista para acontecer no próximo semestre.

Foto: Divulgação/Seduc-AM (obs.: imagens registradas antes da pandemia)

“Foi produzido um documento orientador, direcionado a esses profissionais, que tem servido para norteá-los nessa retomada às aulas presenciais. Para este ano, tivemos que priorizar o trabalho em cima das temáticas da realidade de hoje, como é o caso da pandemia da Covid-19. Nos dias em que não houver aula presencial, o aluno é orientado a dar continuidade aos estudos e pesquisas em sua casa”, explicou o responsável pela Gerência de Educação Escolar Indígena (EEI) da secretaria, Alcilei Vale Neto.

Conforme o gerente, que assumiu o cargo há quatro anos, o modelo híbrido adotado pela EEI preconiza os mesmos protocolos de segurança em saúde utilizados pelas escolas tradicionais da capital e do interior. As turmas foram divididas em dois grupos, que frequentam as unidades em dias intercalados, o que facilita o cumprimento das medidas de distanciamento social. O uso de máscaras e álcool gel 70% também é obrigatório.

Fotos: Divulgação/Seduc-AM (obs.: imagens registradas antes da pandemia)

Conteúdos – Para o calendário especial do ano secular de 2021, fora as temáticas atuais, foram priorizados conteúdos com foco na competência leitora, escrita, raciocínio lógico, Matemática, comunicação e solução de problemas, trabalhados de forma interdisciplinar e englobando a questão da saúde indígena, principalmente do ponto de vista da Covid-19.

“O Deppe e a GEEI combinaram atividades remotas e presenciais, onde estão sendo usadas práticas comuns das comunidades indígenas, como é o caso da pesquisa. Os povos indígenas são bastante envolvidos com pesquisa”, reforçou Alcilei Vale Neto.

Sobre a modalidade – Ao contrário do que se pensa, há diferenças entre a Educação Indígena e a Educação Escolar Indígena (EEI). Enquanto a primeira diz respeito aos processos de transmissão e produção de conhecimentos próprios dos povos indígenas, sem a necessidade do estudante frequentar a escola e com base na oralidade, a EEI se refere ao trabalho de conteúdos não somente indígenas, como também não indígenas, por meio da unidade de ensino.

Foto: Divulgação/Seduc-AM (obs.: imagens registradas antes da pandemia)

“Costumo dizer que a EEI é a institucionalização da Educação Indígena. Traz-se para dentro da escola o pensamento e as falas indígenas para que a escola possa servir de instrumento de fortalecimento da identidade indígena e de seus valores culturais. Na EEI, são trabalhadas, por exemplo, as práticas culturais, a visão de mundo e a cosmologia. A escola como uma instituição”, finalizou o gerente da GEEI.

Números – Atualmente, a Secretaria de Educação possui 31 escolas indígenas, construídas mediante decreto, e 486 salas anexas, que funcionam em salas de aula de unidades da rede municipal, quando há parceria entre o Estado e o Município, ou ainda na casa dos caciques e em espaços de reunião das aldeias. Ao todo, as escolas e salas anexas atendem cerca de 7.558 estudantes de 48 povos indígenas.

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