
Com as eleições presidenciais na Venezuela marcadas para 28 de julho, o governo brasileiro e diplomacias de países vizinhos monitoram de perto a situação política no país. Segundo apurações da CNN, a oposição venezuelana surge com chances reais de vitória, enquanto o chavismo enfrenta divisões internas sobre a estratégia para manter-se no poder.
Diplomatas e altos funcionários de três países da região, além de representantes do Itamaraty, compartilham uma visão amplamente convergente sobre o cenário político venezuelano. Relatos indicam que a oposição, mesmo após a desqualificação das candidaturas de María Corina Machado e Corina Yaris, uniu-se em torno do diplomata aposentado Edmundo González Urrutia. Este é visto como uma figura discreta, capaz de dialogar com setores chavistas.
Um diplomata sul-americano observou que, apesar das dificuldades impostas pelo governo, a oposição está decidida a participar das eleições, um sinal claro de sua confiança na vitória. Pesquisas internas, de baixa confiabilidade, indicariam González Urrutia à frente na preferência popular.
O chavismo, por outro lado, enfrenta um dilema interno. Nicolás Maduro acredita que pode conquistar a maioria dos votos sem recorrer a fraudes explícitas, em parte devido à presença de observadores internacionais como o Centro Carter, o que complicaria qualquer tentativa de manipulação flagrante dos resultados. Relatos indicam que o relaxamento temporário das sanções ao petróleo permitiu ao governo acumular cerca de US$ 1 bilhão para gastar em benefícios até a data das eleições, visando garantir votos.
Entretanto, uma facção do chavismo, composta por militares linha-dura e liderada por Diosdado Cabello, ex-presidente da Assembleia Nacional, defende que o chavismo não pode correr o risco de uma derrota eleitoral. Esta ala teme que uma vitória da oposição possa levar à perseguição política e à necessidade de exílio em países aliados, como Cuba, Rússia e Irã. Portanto, há o risco de que esses grupos tentem inviabilizar as eleições ou impedir uma transição de poder.
Maduro está ciente de que uma fraude evidente poderia desencadear uma reação negativa da comunidade internacional, incluindo países que atualmente mantêm um diálogo com seu regime, como Estados Unidos, Brasil e Colômbia.
Caso a oposição vença, um desafio adicional será o longo período até a posse do novo presidente, marcada para 10 de janeiro de 2025. Durante esses seis meses, González Urrutia precisaria negociar compromissos de pacificação com o chavismo, evitando um clima de perseguição política. A oposição terá que lidar com a realidade de que Maduro e seus aliados ainda controlam os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Em conversas com a CNN, a elite econômica venezuelana, representada pela Fedecámaras, expressou um desejo por paz e estabilidade política no próximo mandato presidencial. Independentemente de quem vença, o ideal seria que o vencedor não persiga adversários e que o derrotado aceite o resultado, promovendo assim um mínimo de estabilidade para o país.
Fonte: CNN Brasil