Em 30 anos cerrado brasileiro pode ter maior extinção de plantas, diz estudo

Há mais de 4,6 mil espécies de plantas e animais que só existem no cerrado/Foto: EDUARDO DALCIN

Se o índice de desmatamento do cerrado brasileiro se mantiver como é hoje – cerca de 2,5 maior do que na Amazônia -, o mundo pode registrar a maior perda de espécies vegetais da história.


A tese é de um artigo de pesquisadores do Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS) e de outras instituições nacionais e internacionais, divulgado nesta quinta-feira na revista científica Nature.

O cerrado perdeu 46% de sua vegetação nativa, e só cerca de 20% permanece completamente intocado, segundo os pesquisadores. Até 2050, no entanto, pode perder até 34% do que ainda resta.

Isso levaria à extinção 1.140 espécies endêmicas – um número oito vezes maior que o número oficial de plantas extintas em todo o mundo desde o ano de 1500, quando começaram os registros.

Apenas um quinto do bioma original do cerrado continua totalmente preservado.

“Há 139 espécies de plantas registradas como extintas no mundo todo. Mas claro, sabemos que espécies foram extintas antes mesmo de a gente conhecê-las”, disse à BBC Brasil Bernardo Strassburg, coordenador do estudo e secretário-executivo do IIS.

“Mesmo assim, a perda no cerrado seria uma crise sem proporções.”

O desmatamento na região, de acordo com os pesquisadores, cresceu em níveis alarmantes “por causa da combinação de agronegócio, obras de infraestrutura, pouca proteção legal e iniciativas de conservação limitadas”.

Mesmo assim, Strassburg e sua equipe afirmam que o cenário apocalíptico projetado para 2050 pode ser evitado.

Como impedir?

O artigo afirma que, restaurando áreas do cerrado que foram menos degradadas e são importantes para a biodiversidade, seria possível reverter até 83% do quadro de extinções previstas.

“Áreas que não foram muito degradadas ou não foram desmatadas há muito tempo conseguem se regenerar, até por causa das raízes profundas e porque têm um banco de sementes. As outras precisam de um esforço maior”, afirma Strassburg.

A equipe do IIS, segundo ele, trabalha junto ao Ministério do Meio Ambiente para fazer um mapeamento das áreas que devem ser prioridade em um projeto de recuperação.

Mesmo assim, elas corresponderiam a apenas 3% do total do bioma. Seria o suficiente?

Há mais de 4,6 mil espécies de plantas e animais que só existem no cerrado/Foto: EDUARDO DALCIN

“A outra metade da equação é parar o desmatamento causado pela agropecuária”, diz. “As culturas de cana-de-açúcar e de soja vão crescer 15 milhões de hectares nos próximos 30 anos”, diz.

Os pesquisadores afirmam, no entanto, que é possível usar áreas já desmatadas e pouco aproveitadas do cerrado para redistribuir este crescimento – evitando, assim, que a expansão da produção agrícola avance para territórios preservados.

Fonte: terra

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