Em seus 10 anos, Banco de Olhos quer ‘zerar’ fila de transplantes de córnea no AM

Banco de Olhos quer zerar fila, em 2014
Banco de Olhos quer zerar fila, em 2014
Banco de Olhos quer zerar fila, em 2014

O Banco de Olhos do Amazonas, serviço que integra a Central de Transplantes da Secretaria de Estado da Saúde (Susam), deve chegar ao final de 2014 com a fila de transplantes de córnea zerada.

O secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim, destacou que, em 10 anos de funcionamento, completados nesta semana, o serviço já superou a marca de 1.120 transplantes realizados. “A implantação do serviço, em 2004, foi muito importante para permitir que as pessoas que necessitam desse procedimento de alta complexidade pudessem ter atendimento, de forma gratuita na rede pública de saúde, sem precisar sair do Estado”, frisou Alecrim.


A coordenadora do Banco de Olhos, médica oftalmologista Cristina Garrido, explica que, atualmente, 190 pessoas aguardam por um transplante de córnea no Estado. Nesse tipo de procedimento, segundo ela, tecnicamente a fila de espera pode ser considerada zerada quando a lista de pacientes aguardando pelo transplante gira em torno de 50 pessoas. “É importante lembrarmos que os transplantes dependem das doações e sempre haverá alguém aguardando pelo procedimento, dependendo do gesto solidário de uma família que tenha perdido um ente querido e, mesmo num momento de dor, faça a opção por ajudar alguém a recuperar a visão”, disse a médica.

Cristina Garrido destaca que nesses 10 anos de funcionamento, o Banco de Olhos tem sempre mantido a tendência de aumento no número de transplantes realizados anualmente. “Estamos sempre crescendo, nunca tivemos um ano pior que o outro”, salientou. Ela conta que entre as pessoas beneficiadas pelos transplantes estão vítimas de acidentes ou de infecções oftalmológicas graves, com cicatrizes pós-trauma, que comprometam as características da córnea; pessoas com patologias como a ceratocone (uma doença congênita progressiva dos olhos), entre outros.

No final de 2012, o jovem Francisco Diogo de Oliveira, então com 23 anos, começou a apresentar sintomas parecidos com conjuntivite. O problema progrediu rapidamente e, em dois meses, ele já estava com a visão totalmente comprometida dos dois lados. “Eu usava lentes de contato colorida há oito anos. Não havia sido prescrito pelo médico, usava apenas por vaidade. Um dia, sem o líquido apropriado para fazer a limpeza das lentes, comecei a usar soro fisiológico. Usei o frasco até acabar sem saber que deixara de ser estéril. Uma das hipóteses é que o líquido tenha sido o meio de cultura onde se desenvolveu o micro-organismo que causou a infecção”, conta Diogo.

Beneficiado pelo transplante, o jovem agora tenta retomar a vida normal. “Meu olho direito está totalmente recuperado. O esquerdo ainda precisa de tratamento. Só penso agora em recomeçar e voltar a fazer as coisas de que senti tanta falta, como ler. Foi um período muito difícil, passei praticamente 6 meses num quarto escuro, pois houve um período da doença em que eu não suportava qualquer nível de claridade. Foram dois anos sem poder trabalhar e estudar. Quero superar tudo isso”, relata o jovem, que continua fazendo o acompanhamento na rede pública de saúde.

De acordo com Cristina Garrido, os 1.120 transplantes de córnea realizados desde 2004, foram possíveis graças à doação de 1.650 córneas, processadas pelo Banco de Olhos. “Ampliamos nossa equipe, que hoje conta com mais de 20 pessoas, incluindo médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, bioquímico-farmacêutico, biólogo e pessoal administrativo”.

Expansão – Em 2002, o Amazonas iniciou a realização de transplantes de rins entre pacientes vivos. A partir de 2011, o procedimento passou a ser realizado a partir de doador falecido. A coordenadora da Central de Transplantes do Amazonas, explica que o Estado está se preparando para ampliar a oferta desse procedimento de alta complexidade, com a realização de transplantes de fígado e, posteriormente, de coração.

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