Empresário é preso por tráfico de venezuelanos e trabalho escravo em RR

Foto: Divulgação/Polícia Federal

Um empresário foi preso em Boa Vista suspeito de submeter adultos e adolescentes venezuelanos a trabalho escravo e aliciar mulheres para tráfico humano com fins de exploração sexual, informou a Polícia Federal nesta quarta-feira (18).


Dois mandados de busca e apreensão e de prisão foram cumpridos desde a terça (17) na capital e também na cidade de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, onde oito trabalhadores foram resgatados.

Segundo as investigações, o empresário pode ter mantido até 40 trabalhadores venezuelanos em condições análogas à de escravo na construção civil e em conjunto aliciado estrangeiras para se prostituírem.

Há indícios que vítimas de ambos os crimes seriam enviadas para os estados de São Paulo, Amazonas e Mato Grosso em um esquema de tráfico humano, conforme as investigações.

O caso foi descoberto após trabalhadores conseguirem escapar e denunciar o caso às autoridades em Pacaraima. Eles prestavam serviços na construção civil e eram proibidos de se ausentar do canteiro de obras.

Alguns relataram não receber salários enquanto eram obrigados a ter jornadas de 12 horas por dia, sem direito a dias de descanso. Outros ganhavam R$ 10 por dia, valor que chegava a apenas R$ 5 no caso dos adolescentes que também eram impedidos de ir à escola.

Foto: Divulgação/Polícia Federal

“Ele se aproveitava da vulnerabilidade dos venezuelanos que chegavam ao Brasil por Pacaraima e oferecia trabalhos em condições que caracterizaram essa condição análoga ao de escravo”, afirmou Victor Negraes, delegado Federal Regional de Combate ao Crime Organizado.

Além de receberem alimentação precária e viverem em barracos improvisados sem banheiro, as vítimas, que praticamente já não tinham salários, recebiam descontos no pagamento pelo fornecimento de água, que não era potável, e energia elétrica, que também não era fornecida.

As vítimas também relataram ser coagidas pelo empresário a irem a outros estados do país para trabalhar nas mesmas condições de escravidão, bem como para fins de exploração sexual no caso das mulheres.

“As investigações apontam que realmente houve o tráfico de pessoas para outros estados com o intuito de serem submetidos a uma condição ao trabalho que se assemelha ao de escravo e indícios de tráfico relacionado à exploração sexual”, frisou o delegado.

Na casa do empresário, a PF apreendeu documentos que ele usava para formalizar as contratações irregulares e impor penalidades como multas por danos e furto de ferramentas além de proibições como se ausentar do trabalho por mais de 40 minutos.

Foto: Divulgação/Polícia Federal

Com o país natal devastado pela crise, cerca de 600 venezuelanos cruzam a fronteira da Venezuela com o Brasil pela cidade Pacaraima todos os dias. Muitos seguem viagem, mas uma parcela considerável fica no estado.

Segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Roraima concentra sozinho 99% dos venezuelanos que chegaram ao Brasil desde 2015.

Em Boa Vista e Pacaraima há cerca de 7 mil venezuelanos morando em abrigos mantidos pelo governo federal e ONGs, mas desempregados e sem ter para onde ir outros milhares também estão vivendo nas ruas e prédios abandonados.

Fonte G1

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