Equipes da saúde atendem indígenas com desnutrição na Terra Indígena Yanomami

Crianças com desnutrição foram atendidas por equipe técnica — Foto: Júnior Hekurari/Arquivo Pessoal

Equipes do Ministério da Saúde atendem, desde a última segunda-feira (16), indígenas doentes na Terra Indígena Yanomami, a maior reserva indígenas do país, onde há casos graves de crianças e adultos com desnutrição severa e malária. A missão tem o objetivo de elaborar um diagnóstico sobre a crise sanitária no território.


A ideia dos atendimentos e diagnósticos é restabelecer o acesso à saúde de qualidade aos mais de 30,4 mil indígenas que vivem em comunidades região.

Nesta sexta-feira (20), o presidente Lula disse ter recebido “informações sobre a absurda situação de desnutrição de crianças Yanomami” e pretende viajar ao estado para atuar pela garantia da vida das crianças.

Dentro da reserva, as equipes usam o polo de Surucucu como base para atender as comunidades que precisam de atendimento.

“Nos últimos anos, a população Yanomami passou por desassistência e dificuldade de acesso aos atendimentos de saúde. Casos de desnutrição e insegurança alimentar, principalmente entre as mais de 5 mil crianças da região, foram registrados. Profissionais de saúde relatam falta de segurança e vulnerabilidade para continuar os atendimentos, dificultando ainda mais a assistência médica aos indígenas”, informou o Ministério.

Desde o início da visita, os técnicos resgataram ao menos oito pacientes em estado grave dentro da reserva e os encaminharam para a capital Boa Vista. O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, responsável por inúmeras denúncias de descaso na saúde, acompanha o trabalho.

“Vimos crianças convulsionando com desnutrição, trouxemos para Surucucu e hoje foram removidas para Boa Vista […] Desde que chegamos aqui a equipe do Ministério da Saúde já enviou oito pacientes, crianças, em estado grave para Boa Vista”.

Crianças yanomami sofrem com desnutrição — Foto: Júnior Hekurari/Arquivo Pessoal

Entre as comunidades atendidas estão Kataroa, Yaritopi e Xitei. Após o diagnóstico, o Ministério deve definir as ações imediatas que serão adotadas no território, além de fortalecer a atenção ofertada pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami.

Além das equipes dentro da reserva, há equipes em Boa Vista, em conjunto com o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami, a Casa de Saúde Indígena (Casai), Secretaria Estadual de Saúde de Roraima e Secretaria Municipal de Saúde.

Na última terça-feira (17), um recém-nascido yanomami, de 18 dias de vida, com quadro de pneumonia também recebeu atendimento médico e foi removido para Boa Vista. A mãe — que é da comunidade Loko — percorreu 3h até chegar na Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI), no polo base de Surucucu. O bebê chegou a ter cinco paradas cardíacas.

A ação é uma parceria entre a Secretaria Executiva, Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), Secretaria de Vigilância em Saude (SVS), Secretaria de Atenção Especializada (SAES), além da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Ministério da Defesa, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade Federal de Roraima, Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), lideranças indígenas do Conselho Distrital Yanomami (CONDISI) e a Hutukara Associação Yanomami.

Equipes realizaram atendimentos aos indígenas — Foto: Júnior Hekurari/Arquivo Pessoal

Crise na Saúde Yanomami

No meio da Amazônia, garimpeiros ilegais destroem a floresta em busca de ouro, enquanto indígenas que vivem em comunidades isoladas geograficamente e de difícil acesso sofrem com falta de assistência regular de saúde.

Em novembro de 2021, o Fantástico e o g1 mostraram a precariedade na assistência de saúde, o que resulta em desnutrição e malária – situação em grande parte agravada pelo garimpo ilegal.

Com mais de 370 aldeias e quase 10 milhões de hectares que se estendem por Roraima, fronteira com a Venezuela, e o Amazonas, a reserva Yanomami, a maior do país, enfrenta problemas tão grandes quanto a sua extensão territorial.

Crianças sofrem com desnutrição na T.I Yanomami — Foto: Júnior Hekurari/Arquivo Pessoal

Ao todo, são 28 mil indígenas que vivem isolados geograficamente em comunidades de difícil acesso, mas que, em grande parte, já sofreram alguma intervenção de fora, com a ocupação de não indígenas, como é o caso dos garimpeiros – estimados em 20 mil.

Em um cenário dramático, a reportagem registrou cenas inéditas e exclusivas de crianças extremamente magras, com quadros aparentes de desnutrição e de verminose, além de dezenas de indígenas doentes com sintomas de malária nas três comunidades visitadas: Xaruna, Heweteu I e II.

Em novembro do ano passado, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) deflagraram a operação Yoasi, contra a fraude na compra de remédios destinados ao Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y), em Boa Vista. O esquema criminoso deixou pelo menos 10 mil crianças indígenas sem medicamentos, apontam as investigações.

As investigações indicam que os dois coordenadores, à época de suas respectivas gestões, firmaram o contrato com a Balme para o fornecimento de 90 tipos de medicamentos. Mas, a empresa entregou menos de 30% do previsto. O esquema teve a participação dos servidores ligados a eles e do dono da empresa contratada. A estimativa da PF é que esquema de desvio tenha movimentado R$ 600 mil.

g1

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