Esquemas partidários – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Quanto mais se aproximam as eleições, sejam as estaduais ou as ou as presidenciais, no ano 2022, os confrontos políticos vão se evidenciando mais fortes. Todos os grupos em disputa pelo poder sabem que precisarão de uma vitória ampla, que permita aos vencedores manterem nas mãos o comando da ação, o privilégio de mando.


No regime em que vivemos, os defeitos inerentes a um processo eleitoral excessivamente liberal no que se refere à formação e definição de partidos, à filiação ou desligamento, em seus quadros, dos seus integrantes, a negociatas grosseiras permitindo alianças e acordos vergonhosos às vésperas de cada pleito, à indevida interferência dos poderes constituídos nas eleições, através da utilização considerada criminosa, contudo, autorizada, com base em engenhosos artifícios, de recursos públicos usados em favor de determinados candidatos, à permissão da reeleição para os mesmos cargos, dos que estão agora a exercê-los, sem a necessidade, antes existente, de deles se afastarem, tudo isto torna esse nosso sistema democrático bastante vulnerável às duras críticas dos que desejam viver numa verdadeira democracia.

Os confrontos entre os chamados partidos talvez, no entanto, sejam mais fáceis de ser contornados que os surgidos entre as várias facções que os compõem, envolvendo pessoas que se enfrentam somente em defesa dos seus próprios interesses, desde que para elas a legenda representa apenas uma oportuna e eventual cobertura, uma roupagem qualquer, sob a qual provisoriamente se abriguem uma nova, por vezes, em cada eleição.

E aproveitando-se dessa situação, hábeis lideranças políticas tratam de aguçar a cobiça dos menos escrupulosos, prometendo-lhes grandes vantagens em troca de uma fidelidade a ser assumida para com eles próprios, mantendo, assim, a longa tradição brasileira do coronelismo, do também chamado caciquismo, na prática política do país.

Existem, pois, sem que se possa negar, donos de partidos ou de coligações de partidos; com seus dirigentes nacionais ou regionais comprometidos não com programas ou diretivas conceituais partidários, mas, de modo essencial, com políticos, que bem podem ser chamados caciques, ou recordando velhas nomenclaturas – coronéis ou caudilhos.É quase sempre através das portas abertas das comissões do Orçamento que os confrontos pessoais de interesse e a habilidade da corrupção penetram e se estabelecem. É que, na divisão do bolo orçamentário, há uma grossa fatia destinada à satisfação dos apetites políticos dos parlamentares. Cada um deles, em função do partido ou da facção de partido a que pertença, tem direito a uma parte da iguaria.

Evidenciando-se a presença constante, em Brasília, de representantes de empreiteiros, com escritórios ali montados, com o objetivo declarado de negociar com determinados parlamentares a preferência para a execução de obras previstas e talvez autorizadas com a aprovação das emendas destinadas a cada um deles.

Chegando a ocorrer, por vezes, entre os interessados, trocas oportunas e vantajosas de tais emendas, aparecendo, então, para espanto de muitos, uma autorizando a construção de uma ponte em certo município, apresentada por um deputado que nada tem a ver com aquele estado, e uma outra, a correspondente à troca efetuada, relativa à compra de equipamentos para determinado hospital em São Paulo, defendida por um parlamentar de Palmas ou do Araguaia. Definitivamente, em lados opostos, sobre a arena do circo de Roma. Do cenário de luta, no ano 2022, somente um, no entanto, com certeza, deverá sair trazendo sobre a testa o símbolo do triunfo.

Confrontos ou não que sejam as divergências ora evidenciadas, é bom que aconteçam, para o fortalecimento e manutenção da frágil democracia em que vive o povo brasileiro, enquanto espera pelo combate à vera a ser travado, já apostando no provável vencedor

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