Estelionatários usam sites de anúncios para “roubar” compradores

Foto: Reprodução

Manaus – Você entra no site de anúncios para comprar um produto, fecha o negócio e faz o pagamento, mas não recebe o bem e perde o dinheiro. Você acaba de ser vítima de um estelionatário, o famoso 171, que usa de má-fé para enganar. Histórias como esta têm chegando com frequência à Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) e já representam cerca de 20% das demandas atendidas pela área Cível, segundo a defensora pública Dâmea Mourão, que atua na 6ª Defensoria Pública de Atendimento Cível (6ª DPAC).


Para o metalúrgico desempregado há quatro anos, Mário (nome fictício), 45, a facilidade da internet acabou se tornando uma grande dor de cabeça e um prejuízo para o bolso. Em fevereiro deste ano, ele viu o anúncio de uma motocicleta sendo vendida por R$ 8 mil em um dos principais sites para anunciantes e fechou o negócio por telefone com uma pessoa que se identificou como “José Orlando” e se apresentou como dono do veículo.

“José Orlando”, o estelionatário, disse que era servidor público e, por não estar em Manaus, mas a serviço em Roraima, quem mostraria a moto a Mário seria um intermediador da venda, identificado como Sr. Neri. “Geralmente, esses estelionatários se apresentam com profissões como servidor público, policial ou militar. Talvez como uma forma de passar maior credibilidade ou até de provocar certo medo na pessoa com quem estão negociando, quando esta quiser questionar algo”, afirma a defensora Dâmea Mourão.

No caso de Mário, o estelionatário duplicou o anúncio verdadeiro do Sr. Neri, postando as mesmas fotos, mas colocando número próprio. E assim conversou tanto com Mário quanto com o Sr Neri, usando diversos números de telefone e criando uma história para enganar os dois, se passando por duas pessoas. Mário e Sr. Neri se encontraram e acertaram o negócio.

No dia 01 de fevereiro deste ano, Mário pegou o dinheiro que havia recebido pela venda de um carro e transferiu os R$ 8 mil para a conta bancária indicada pelo estelionatário, que está em nome de uma mulher, supostamente a esposa ou companheira de “José Orlando”. A conta é no mesmo banco utilizado por Mário, assim, a transferência pode ser feita sem a exigência de um CPF do beneficiário.

Depois de transferir o dinheiro, Mário voltou ao local de encontro com Sr. Neri para avisar que havia feito a transferência para o “dono da moto”. Neri questionou quem seria esse “dono”, já que a moto era dele e ele não tinha recebido valor algum. Foi aí que os dois se deram conta de que haviam caído em um golpe.

“Outra coisa que nos chama atenção, em muitos casos que recebemos, é o fato de que o estelionatário pede que a transferência seja feita para o mesmo banco, pois não é preciso apresentar o número de CPF do beneficiário. E esse é um cuidado que as pessoas devem ter, pedir sempre o CPF daquele com quem estão negociando, porque com essa informação é possível checar os dados da pessoa, o que também facilita sua identificação posterior”, comenta a defensora.

Defensora Dâmea Mourão – Foto: Divulgação

Diante do golpe que sofrera, Mário foi ao banco, mas o estelionatário já havia retirado R$ 4 mil, restando apenas a outra metade do valor. Ele também procurou a Defensoria e ingressou com uma ação judicial com pedido de liminar para o bloqueio dos valores e de indenização por danos morais e materiais, devido ao prejuízo financeiro e abalo psicológico que sofreu. A Justiça concedeu a liminar bloqueando os valores e o processo segue.

Vivendo “bicos”, Mário conta que estava guardando os R$ 8 mil para comprar a moto como um meio de transporte e que foi terrível perder o dinheiro sendo vítima de um estelionatário. “É um golpe cruel. Eu fui ver a moto, andei nela. Perder o dinheiro assim, dá um desânimo por dois motivos, por ser roubado e por ser enganado. Se eu puder alertar alguém, digo que não compre nesses sites, em aplicativo, e que vá na loja que é mais seguro”, afirmou, acrescentando que não pretende utilizar mais este tipo de serviço.

Orientações

Para não se tornar mais uma vítima, é preciso ter cautela e adotar algumas medidas antes de fechar negócio. Uma delas é buscar orientação na Defensoria, onde o defensor público pode identificar os sinais de fraude. Esse atendimento pode ser feito na Casa da Cidadania (casa 7 – Conjunto Celetramazon, Rua Celetra, 2 – Adrianópolis, zona Centro-Sul) e na unidade cível da Zona Leste, na 6ª Defensoria Pública de Atendimento Cível (6ª DPAC), que fica no Shopping Cidade Leste.

A defensora Dâmea Mourão também orienta que se busque o máximo de informações sobre aquele com quem se está negociando, como o endereço da pessoa e o CPF, além de se guardar provas da negociação, como conversas por mensagem no celular ou áudios.

“O ideal seria, na verdade, que o comprador exigisse a elaboração de contrato escrito de compra e venda, que constitui prova documental mais segura, e o contato pessoal com o vendedor, para se certificar melhor da identidade do indivíduo que se apresenta como dono do bem objeto do contrato”, orienta a defensora.

Mas se cair no golpe, a pessoa deve ir imediatamente ao banco informar o ocorrido, fazer um Boletim de Ocorrência (B.O.) e procurar a Defensoria com o máximo de informações que tiver, para a tomada de medidas judiciais cabíveis.

Artigo anteriorHá 25 anos morria Ayrton Senna
Próximo artigoEnteado é preso após matar padrasto com 14 facadas em Carauari

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui