
A pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) impactou profundamente quase todas as áreas da nossa vida. Para aqueles que lutam contra a depressão e outros transtornos mentais, o estresse e a tensão, motivados pelo contexto de crise (econômica e sanitária) global, podem piorar os sintomas. É o que afirma um estudo recente publicado na revista The Lancet Regional Health – Americas.
Segundo a pesquisa, pessoas que sofrem de depressão relataram piora nos sintomas durante os últimos 12 meses. Antes da pandemia, apenas 8,5% diziam apresentar sintomas depressivos. Em 2020, quando a Covid-19 foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um problema de saúde global, o número saltou para 27,8% e, em 2021, chegou a 32,8%.
Situações estressantes podem levar ao aumento dos sintomas de depressão, mas, depois que atinge o pico, espera-se que o nível diminua gradativamente. No entanto, o que estamos vendo agora, segundo Sandro Galea, coautor do estudo, é um nível altíssimo, mesmo um ano após o começo da pandemia. Ou seja, é uma situação que foge dos padrões esperados.
Vale ressaltar que o estudo foi realizado com 1.441 adultos norte-americanos entre os meses de março e abril de 2020 e do ano seguinte. Essa é uma pesquisa inédita nos Estados Unidos, cujo foco recaiu sobre as alterações no nível dos sintomas de depressão antes e durante a pandemia. No Brasil, um outro estudo apresentou resultados igualmente alarmantes.
Desenvolvida pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a pesquisa “Saúde mental na pandemia do Coronavírus Disease 2019 (COVID-19): um estudo brasileiro” analisou um total de 2.624 pessoas e descobriu que a maioria (92,2%) apresentava sintomas de depressão e mais da metade (51% e 52%, respectivamente) tinha sintomas de transtorno de ansiedade e transtorno do estresse pós-traumático.
Esses resultados corroboram os dados de um estudo feito a nível nacional, realizado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A pesquisa revelou que 40% da população brasileira se sentia deprimida e mais de 50% relatou sentir ansiedade e nervosismo durante a pandemia.
Especialmente durante um evento traumático como a pandemia, é importante continuar qualquer tratamento que você tinha antes. Para aqueles que já estão controlando a depressão ou se encontram com sintomas piores, continuar com a psicoterapia, tomar antidepressivos ou seguir terapias não medicamentosas é crucial para manter a consistência da sua saúde mental. Se você sentir que seu medicamento não está mais funcionando, é importante mantê-lo até conversar com um médico sobre o que fazer. Muitas pessoas optaram pela consulta médica online para não interromper o tratamento e manter as sessões de terapia, mesmo à distância.