Ex presidente da Funai, protocola carta devolvendo Medalha do Mérito Indigenista

Sydney Possuelo, ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) - Foto: Jorge Mejía Peralta/Wikipedia/Flickr - Creative Commons

O ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Sydney Possuelo, protocolou junto ao Ministério da Justiça uma carta devolvendo ao governo a Medalha do Mérito Indigenista. A hontaria foi concedida em 1987.


“Com imensa surpresa e natural espanto, tomei conhecimento de que o senhor Jair Bolsonaro foi condecorado com a medalha do Mérito Indigenista. Ao longo da história da humanidade, os povos autóctones tornaram-se vítimas de toda sorte de atrocidades cometidas por representantes de sociedades que se acreditam civilizadas e tementes a uma potestade superior”, diz trecho da carta.

Os povos originários do continente americano – do Alasca à Patagônia – , de acordo com o sertanista, tiveram os territórios, onde milenarmente viviam, invadidos e drasticamente reduzidos. E, em nome de interesses sempre menores, condenados à morte.

“Quando deputado federal, o senhor Jair Bolsonaro, em breve e leviana manifestação na Câmara dos Deputados, afirmou que ‘a cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema no país’, diz outro trecho da carta
Stanley diz ainda, que sempre se dedicou ao trabalho de defender os direitos humanos de uma parcela da humanidade que vive em outro tempo histórico, mas que compartilha com a sociedade envolvente o mesmo tempo cronológico.

“Há 35 anos, vivi a honra de receber a medalha do Mérito Indigenista. E como é de público conhecimento, delegou-me, em 1991, o coronel Jarbas Passarinho, então ministro da Justiça, a tarefa de demarcar, em nome do governo brasileiro, a Terra Indígena Yanomami. Meus companheiros e eu da Fundação Nacional do índio – Funai a cumprimos. E disso nos orgulhamos”, afirmou no documento.

Ele ainda declara que entende que a concessão do Mérito Indigenista para Bolsonaro é um flagrante, descomunal, ostensiva contradição em relação a tudo que vivi e a todas as convicções cultivadas por homens da estatura dos irmãos Villas Boas.

“Por essas razões. senhor Ministro, devolvo ao governo brasileiro, por seu intermédio, a honraria que, no meu juízo de valor, perdeu toda a razão pela qual, em 1972, foi criada pelo presidente da República. Acompanha a presente mensagem, o estojo contendo Medalha do Mérito Indigenista, Pin, Broche e cópia do diploma”, finaliza Stanley.

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