Excesso de honestidade pode levar Lula à prisão – por Garcia Neto

Fortes denúncias de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria participação direta no comando do esquema de corrupção poderá levá-lo à prisão. Denúncias feitas pelos ex-sócios da Petrobras ao Ministério Público confirmam que Lula esteve no comando do esquema de compra de uma petroquímica nos Estados Unidos pelo triplo do preço correspondente na Bolsa de Valores, além de outras operações ilícitas que levaram o Brasil ao descalabro, todas com participação efetiva da presidente Dilma Rousseff, sua ex-supergerente. As provas são robustas o suficiente para o pedido do impeachment de Dilma e para o imediato pedido de prisão de Lula. O afrouxamento do Ministério Público tem retardando uma decisão que já passou da hora.


Enquanto o ex-presidente prega pelo país um discurso repetido do governo de que foi nos 12 anos de governo do PT no poder que a corrupção passou a ser investigada, que não foi “varrida para debaixo do tapete”, que a apuração de corrupção é um bem desse país, Lula segue debochando da Justiça, afirmando que o Judiciário não vale nada, numa clara demonstração de blindagem que o transforma em um Super-Homem, que pode se colocar acima da justiça dos homens. Com participação em várias frentes de investigação sobre si e seus familiares, o ex-presidente parou de se negar a depor nas operações Lava Jato e Zelotes e agora partiu para o ataque, aproveitando a falta de aperto pelo MP, que recalcitra usar da coerção no objetivo de ouvi-lo.

A imagem e as relações adquiridas por ex-presidentes são bens individuais que podem levá-los a uma concepção relacional da sociedade, motivado pelo chamado prestígio, ou honra. Assim, a posição de privilégio ou não-privilégio ocupada por esses atores políticos é definida de acordo com o volume e a composição de um ou mais capitais adquiridos e ou incorporados ao longo de suas trajetórias sociais. Cada um dá o uso que bem entende. Podem usar em palestras, praticar de tráfico de influência, facilitar negócios para familiares ou até afrontar alguns limites éticos sem configurar crime.

No Brasil a figura do palestrante projetou-se para fora do país, como nos casos de Fernando Henrique Cardoso e Lula, cujo valor do cachê é igualmente elevado. Assim que deixou a presidência, a primeira palestra de FHC foi para a Ambev, beneficiada por ele através do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). O cachê na época foi de US$ 150 mil e serviu de parâmetro para cachês subseqüentes. No seu governo, seu filho Paulo Henrique conseguiu um belo emprego na CSN, em ONGs ambientais e, depois de sua saída tornou-se sócio da Disney em uma rádio paulistana. Quais os atributos profissionais de Paulo Henrique? Filho de ex-presidente.

Na mesma linha, Lula acumulou um amplo patrimônio palestrando e fazendo lobby na África e América Latina para empreiteiras beneficiadas por obras e financiamentos em seu período de governo. Seu filho, Luis Cláudio Lula da Silva, emplacou um patrocínio de R$ 2,4 milhões junto a um lobista da indústria automobilística. E fica a pergunta: Quais os atributos profissionais de Luis Cláudio Lula da Silva? Filho de ex-presidente. Nesse sentido, não fizeram nada diferente do que fazem ex-presidentes dos Estados Unidos, França, Inglaterra, diplomatas e ex-dirigentes de organizações intergovernamentais.

Em recente café da manhã no Instituto Lula, o ex-presidente disse que não acredita ter alguém mais honesto que ele no Brasil, assegurando que “não tem uma viva alma mais honesta do que eu. Nem dentro da Polícia Federal, nem dentro do Ministério Público”. E abriu um discurso aos níveis de exímios manipuladores garantindo que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff é uma tentativa de golpe da direita, bateu forte na delação premiada e lançou um desafio a promotores, delegados, empresários e TCU a afirmarem que ele, Lula, tenha se envolvido em algo ilícito.

Há quem veja a volta de Lula à Presidência da República com grande otimismo, como se as coisas finalmente podem retornar ao seu devido lugar. Mas há quem garanta que não. Embora sem trono, o rei do lulismo-petismo exerce o poder de fato no Brasil como o grande manipulador oculto, como eminência parda, manejando os fios de sua marionete e usufruindo de todos os privilégios que o poder propicia. Ao silenciar as próprias culpas, Lula repassa a idéia de que opera para ajudar a si mesmo ferrando seus comparsas, escondendo suas pegadas embaixo de um discurso em que os ataques, principalmente à ex-supergerente, se misturam a declarações de guerra de uma oposição elitista e estocadas na mídia golpista.

P.S.: Como portador de Transtorno da Personalidade Dissocial (antes denominada de Personalidade Psicopática) Lula afirma, repetidas vezes, que é o bonzão, se acha o melhor entre todos os cidadãos, o mais inteligente de todos. Diagnóstico do psiquiatra Ednei Freitas sobre a personalidade de Lula revela que portadores dessa doença são exímios manipuladores e freqüentemente capazes de convencer outros indivíduos a participar de esquemas que envolvam modos fáceis de obter dinheiro ou de adquirir fama e notoriedade, o que eventualmente pode levar os incautos à ruína financeira, embaraço social ou ambos.

*Garcia Neto é jornalista e professor

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