A Operação Formosa 2024, organizada pela Marinha do Brasil, conseguiu pela primeira vez unir tropas dos Estados Unidos e da China em um treinamento militar conjunto. Realizada entre os dias 4 e 17 de setembro em Formosa (GO), o evento marca uma cooperação inédita entre Washington e Pequim em solo brasileiro, no principal exercício do Corpo de Fuzileiros Navais do país. A operação inclui simulações de combates com munição real, atendimento pré-hospitalar e uso de veículos blindados, entre outras manobras militares.
No total, participam da operação 56 militares americanos e 33 chineses, além de observadores de outros oito países, como México, África do Sul e Itália. Essa é a primeira vez que tropas chinesas participam ativamente do treinamento, já que, em edições anteriores, atuavam apenas como observadores.
Além de promover a troca de experiências entre nações parceiras, a operação também reflete a crescente influência chinesa no Brasil. Desde o início do governo Lula, a China tem dado sinais de interesse em aumentar sua cooperação militar com o país. Isso gerou preocupações nos Estados Unidos, que emitiram avisos sobre os possíveis riscos de um estreitamento de laços militares entre Brasil e China.
Recentemente, a estatal chinesa Norinco demonstrou interesse em adquirir parte da Avibras, uma gigante brasileira de sistemas de defesa. No entanto, o envolvimento da China tem levantado receios no governo brasileiro, especialmente em relação às possíveis sanções dos EUA, que alertam para embargos se o acordo avançar.
Essa disputa geopolítica ficou evidente nas declarações da general americana Laura Richardson, que, em entrevista, sugeriu que o Brasil deveria fortalecer sua parceria com os EUA e questionou o histórico de respeito aos direitos humanos da China. A resposta chinesa veio rapidamente, com a Embaixada da China no Brasil acusando os EUA de fomentar uma mentalidade de Guerra Fria e tentar minar as relações entre Brasil e China.
Além da cooperação militar inédita, a Operação Formosa 2024 também marca a inclusão de mulheres no treinamento. Das 3.000 pessoas envolvidas, 73 são fuzileiras navais femininas, que participam das mesmas atividades que seus colegas masculinos.
Enquanto a cooperação entre as potências globais continua a evoluir no cenário brasileiro, a Operação Formosa serve como um palco onde rivalidades e interesses diplomáticos se manifestam, sob o pretexto de um treinamento militar multilateral.
Fonte: R7