Afastado qualquer interesse político-eleitoral na decisão pela intervenção federal no Rio de Janeiro, ela tem nos mostrado o quanto é bonito o papel do Exército numa Democracia.
Deve ficar claro, de início, que o que acontece no Rio hoje é uma INTERVENÇÃO FEDERAL, prevista expressamente no artigo 34, III, da Constituição, e não uma intervenção militar, sem previsão constitucional.
Assim, o Exército presta mais uma vez relevante serviço ao povo brasileiro, por um lado, não caindo na tentação de um discurso tão autoritário quanto tolo, de parcela da sociedade, que prega uma ruptura constitucional falando em intervenção militar e, por outro, assumindo a sua responsabilidade com o país e com a constituição atendendo ao chamado para atuar na intervenção federal na segurança pública do Estado do Rio de Janeiro.
A postura do Exército no atual momento histórico demonstra maturidade e compromisso com a Democracia.
Nossas Forças Armadas têm sido tentadas por setores da sociedade, diante dos graves fatos envolvendo um modelo político que permitiu uma corrupção sistêmica e, portanto, arraigada em todos os setores do país, a agir fora da Constituição, mas tem reafirmado seu compromisso de agir nos estritos limites da Democracia e das normas constitucionais.
Apesar de setores civis bradarem por intervenção militar, esse discurso não ecoa no alto comando militar. Pelo contrário, o exército se porta com um importante guardião do nosso sistema democrático.
Ditaduras são ditaduras, de esquerda ou de direita, com militares ou com civis. Havendo uma poder acima da Constituição, há ditadura!
Há um bem da sociedade que só sentimos falta quando perdemos: a LIBERDADE! Queremos governos honestos, direito ao trabalho, justiça, tanto quanto queremos o direito de pensar, de sonhar, de questionar. Sem liberdade não há vida.
Depois de trevas de 20 anos de ditadura militar, como é bom ver o Exército servindo à Democracia e sendo instrumento garantidor da nossa liberdade! Selva!
*Marcelo Ramos é advogado e professor universitário.
