Jair Bolsonaro disse que está “disposto a conversar”, falou em “busca pelo entendimento” e pediu “pelo amor de Deus” para que os juízes “reflitam” e “não prossigam nesse tipo de inquérito”.
Mas, também, trovejou, ameaçou e decretou que “dias como ontem não voltarão a acontecer. Acabou, porra!”.
A ciclotimia do presidente no pronunciamento de 20 minutos faz sentido, é o discurso de alguém que ameaça porque se sente acuado.
Jair Bolsonaro sabe que o inquérito das fake news, que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes associou de forma explícita ao Gabinete do Ódio, a seguir pelo mesmo trilho só pode estacionar na porta do Palácio do Planalto.
É lá que, segundo depoimentos de parlamentares, o tal gabinete está assentado, sob o comando do filho 02 do presidente.
Bolsonaro também já foi alertado de que o inquérito relatado por Moraes, que ele e seus aliados apoiaram apesar do vício de origem e agora condenam pelo mesmo vício, poderá anabolizar ações que correm no Tribunal Superior Eleitoral e que relacionam a chapa eleitoral por ele encabeçada em 2018 a crimes do mundo digital.
Ontem, e não por coincidência, o ministro do STF Luís Roberto Barroso, que assumiu a presidência do TSE, prometeu retomar o julgamento de uma dessas ações “em até três semanas”.
Bolsonaro está com medo. Seu “ultimato” na porta do Alvorada pode ser tanto um blefe que visa a própria defesa como o prenúncio de um ataque, do tipo que parte de animais acuados.