Falta atitude e solução para a mobilidade urbana em Manaus

Quando se fala em mobilidade urbana, pensa-se logo em soluções mirabolantes como metrô de superfície, monotrilho, faixa azul e outras coisas do gênero. Depois passa-se a pensar nos ciclistas, cachorros, gatos, papagaios, periquitos e, por último, no ser humano. Em Manaus, isso não é diferente.
Exemplificando, citamos dois episódios registrados em um único dia, que marcaram Manaus como cidade das iniciativas arranjadas, das obras do acaso e do imediatismo. Primeiro, uma carreta tomba e praticamente pára a cidade inteira, criando um caos ainda maior do que o vivido diariamente na Capital do Amazonas. Segundo, um ciclista é atropelado por um ônibus na via mais importante da cidade, onde sequer há uma faixa específica para pedestres, quanto mais para o serviço de transporte coletivo.

 
Quando se leva em consideração o fator humano, as coisas devem mudar de perspectivas e medidas melhores devem ser tomadas como prioritárias. Vamos fazer um quadro comparativo com São Paulo, que tem uma população de 11.253.503 habitantes e possui uma frota de pouco mais de 15.000 (quinze mil ônibus), com uma média de um ônibus para atender 750 pessoas, enquanto Manaus tem uma frota de 1.527 ônibus para atender uma população de 2.020.301 dando uma média de um ônibus para atender 1.323 pessoas. O deficit aqui é medido em dobro em comparação a São Paulo.

 
Manaus tem uma frota que fica longe de atender a demanda. E por causa dessa deficiência, as empresas forçam os motoristas a cumprirem horários simplesmente desumanos. Os motoristas são forçados a dirigir em alta velocidade e, por vezes, deixando passageiros na parada “passando por fora”. A faixa azul da Avenida Constantino Nery, que teoricamente seria para facilitar a locomoção dos ônibus, virou um corredor expresso para os Taxis de Manaus. As outras duas pistas, são disputadas por carros particulares, caminhões, ônibus e, táxis.

Ora, com poucos ônibus para atender a demanda, parcela da população se vê obrigada a comprar um automóvel e, desta forma, congestiona ainda mais o estrangulado trânsito de Manaus. Não é que as pessoas não tenham o direito de comprar seu meio de transporte, mas se tivesse um sistema de transporte coletivo decente em Manaus, com horários determinados de saída e de chegada, com estimativa de em quanto tempo iriam estar em determinada parada, não precisava de tantos carros nas ruas.

 
Ter carro não é coisa do outro mundo!

Vamos dar uma sugestão ao órgão municipal de trânsito: mandar seus funcionários fazer um treinamento onde melhor funciona o serviço, em Londres, em Curitiba (PR). Busque dois ou três engenheiros de trânsito para avaliar e ver de que forma podem ser resolvidos os inúmeros gargalos do trânsito em Manaus. Mas não é para passar apenas um final de semana, com hotel e diárias pagas. Mas uns três meses pelo menos, de intenso aprendizado.

 
Alguns dirão que Londres tem metrô que resolve muita coisa e que Curitiba tem o melhor serviço de transportes urbano do País. Mas a capital inglesa tem 8 milhões de habitantes (quatro vezes mais que Manaus) e o transporte por ônibus lá é levado a sério. Já a capital do Paraná, tem 1,8 milhão, mas uma administração municipal impar. Há de se respeitar a experiência de anos de serviços prestados nos transportes coletivos e, ainda, a forma séria e consciente de servir a população de suas cidades. Sem bravatas. Sem lambanças…