Falta informação em tudo (Por Pedro Cardoso da Costa)

Bacharel Pedro Cardoso da Costa(SP)
Bacharel Pedro Cardoso da Costa(SP)
Bacharel Pedro Cardoso da Costa(SP)

Sempre reitero uma defesa esperta das autoridades brasileiras para demonstrar quanto nossa sociedade é permissiva com a distorção da realidade.
Quando a gente faz uma sugestão prática para algum governo, logo é rechaçado sob a pecha de simplista e que se deve cuidar das coisas mais importantes; quando se propõe algo mais sofisticado, a rebatida é imediata de que não é tão simples de solução como se pretende. O mesmo vale para as informações. Elas faltam tanto nas coisas simples quanto nas complexas. Alguns relatos concretos.


Um dia, numa correria para pegar uma carona, o cidadão não conseguiu sair na porta giratória do condomínio. Ele tentava sair pela porta que só permitia a entrada. Existia uma porta específica para saída de pedestre, só faltava uma placa com essa informação.

Na mesma semana, outro se queixava que teria ido ao sacolão, em São Paulo é o local de venda de frutas e verduras, que na verdade, vende de tudo. Saiu de casa com tempo determinado para essa compra porque tinha um compromisso importantíssimo depois. Era o primeiro dia num emprego. Tudo certo até chegar ao caixa. Um determinado produto não registrava, não “passava”. O leitor não conseguia registrar o código de barras. Depois de umas dez tentativas, a caixa detectou o problema. Aquele produto não estava relacionado no sistema. Problema resolvido em 40 minutos. Produto registrado; emprego perdido.

Num outro dia da mesma semana, outra pessoa narra que deixou o carro num estacionamento. Na placa de preços, incluía-se uma promoção para lavagem completa. Era muito vantajosa e resolveu aproveitá-la. Correria na saída e o caixa adverte: só recebe no cartão o valor do estacionamento, a lavagem só em dinheiro. O cidadão estava sem nenhum centavo. Mais de uma hora até sacar num caixa eletrônico e voltar para quitar a lavagem com grana viva. Não adiantou mostrar que a placa avisava a aceitação de todos os cartões de crédito ou de débito e não havia nenhuma ressalva sobre os pagamentos diferenciados.

Pelo menos o cidadão chegou a tempo no laboratório para exame da esposa. Maquininhas padronizadas de água, outra de café ou chá, com aquelas bolachinhas fabricadas sob medida para laboratórios. Durante a espera, resolve beber um copo d’água. Aperta o botão verde de água gelada, não sai. Força o de água natural, nenhuma gota. Já com os dedos doloridos, uma diligente balconista avisa que só sai água no botão híbrido natural/gelada. Nenhum símbolo universal para mostrar que os outros dois não funcionavam.

No caminho de volta, um site anotado resolveria a limpeza do sofá. Resolveria, se a web o reconhecesse. Não existia. A placa tá lá.

Em tudo neste país existe precariedade nas informações, seja por falta, insuficiência, imprecisão ou distorção. Quando se reclama, a resposta vem à brasileira: “não é bem assim”.

Que bom fosse ficção! Mas, o cara que passou por tudo isso? Esse cara fui eu.(Pedro Cardoso da Costa – Bacharel em direito – Interlagos/SP)

NR: Coluna publicada, excepcionalmente, hoje(14/o4) 

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