
Somente os incêndios florestais aumentariam em 21% as emissões anuais de gases estufa relacionadas ao desmatamento na Amazônia nos últimos 15 anos – isso se fossem contabilizados, o que não acontece atualmente. O número faz parte de um novo estudo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
Os incêndios geraram quase 1,3 bilhão de toneladas de CO2 de 1990 a 2020, contando tanto a combustão quanto a decomposição. É quanto o Japão emite anualmente.
O fogo é o principal fator de degradação florestal na Amazônia. O incêndio florestal consome o material orgânico depositado no solo, como folhas, galhos e troncos mortos, e compromete as árvores – mesmo aquelas que permanecem em pé entram em um processo gradual de declínio e eventual morte. Por isso, florestas degradadas guardam 25% menos carbono do que florestas preservadas e podem ser uma fonte de gases estufa nos dez anos seguintes.
Apesar do peso do problema, nenhuma conta oficial leva em consideração essas emissões, o que faz com que o papel do Brasil no agravamento do efeito estufa seja subestimado. Desde 1985, pelo menos 215 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa na Amazônia queimaram pelo menos uma vez. Mais da metade dessa área queimou múltiplas vezes.