
A ordem do Governo Federal para a Polícia Federal desalojar garimpeiros que operavam no Rio madeira entre Manicoré e Humaitá, no Sul do Amazonas, no último dia 27, com a apreensão de 31 balsas e queima de equipamentos, ascendeu o pavio de pólvora nas comunidades ribeirinhas destes municípios.
Nos dois últimos dias, cresceu a revolta de moradores das cidades de Manicoré e Humaitá, com motociatas e muitos protestos nas redes sociais, com áudios de garimpeiros prometendo direcionar a culpa dos prejuízos sofridos para o governador do Estado, Wilson Lima (PSC), os prefeitos Dedei Lobo de Humaitá e, Lúcio Flávio de Manicoré, ambos do (PSC) e, a deputados federais aliados do governo Bolsonaro, entre eles, o Capitão Alberto Neto (Republicanos).
Agenda pronta
O governador Wilson Lima tem agenda confirmada em Manicoré e Humaitá nos dias 3 e 4 de dezembro, para entrega dos cartões do Auxílio Estadual Permanente, o que está sendo visto como um risco para a integridade física do governador. As convocações de protestos para a sua chegada no aeroporto estão em todos os grupos.
Pedido de indenização
Nos áudios, os garimpeiros, na sua quase totalidade, moradores dos municípios e comunidades ribeirinhas do Sul do Amazonas, dizem que vão esperar o governador no aeroporto com bandeiras, mas protestando pelos prejuízos sofridos. Em um dos áudios, o manifestante fala em ressarcimento, em indenização das balsas e os dias parados.
“Eles não estão querendo cartão do auxílio mas solução para o problema criado, querem trabalhar e ressarcimento dos prejuízos pela queima das balsas”, destaca um dos policiais que está no município de Manicoré, na equipe de segurança do governador.
Mandantes da queima
Não foi o governador quem mandou queimar as balsas. Acima das instancias do governo estadual para regrar esta atividade, estão a Agência Nacional de Mineração (ANM), Ministério Público Federal (MPF), a Policia Federal (PF), para executar as ações de campo, além do IBAM que fiscaliza o setor, como também, a pressão de instituições ambientais internacionais, que monitoram o setor de extração mineral na Amazônia Brasileira e outros órgãos de fiscalização e repressão das atividades vistas como ilegais em certas regiões do país.

O próprio vice-presidente da República, Hamilton Mourão, chegou a citar a atividade dos garimpeiros do alto Rio Madeira, como ilegal e criminosa e, que teria agentes do crime organizado infiltrados entre os garimpeiros.
Mas como quem ‘paga o pato’ sempre é o que está mais próximo, sobrou para o governador Wilson Lima ‘descascar esta pupunha’. Aliás, é exatamente isto que alguns integrantes do alto escalão policial do governo quer evitar. Para a sua segurança, estão pedindo para ele desmarcar a ida aos municípios até os ânimos se acalmarem.
Na lista dos ‘culpados’ do Estado, que manifestaram apoio público à ação da Polícia Federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), está o deputado federal, Capitão Alberto Neto (PRB), aliado de primeira linha do governo Bolsonaro.
Opinião de especialistas
Especialistas explicam que a “invasão” do rio Madeira por garimpeiros ilegais acontece por uma conjunção de fatores como: aumento no preço do ouro, queda na fiscalização ambiental, discursos e ações governamentais simpáticas à atividade e facilidade para “esquentar” o ouro ilegal.
As imagens do rio Madeira chamaram atenção porque evidenciam o avanço dos garimpos ilegais nos rios da Amazônia, movimento que ocorre há vários anos, mas que ambientalistas afirmam que se intensificou durante o governo do presidente Jair Bolsonaro.
Os registros foram feitos pela ONG Greenpeace, que monitora a região há anos. A preocupação é com os danos ambientais e com saúde pública da população abastecida pelo rio, entre elas, povos indígenas que vivem na região.
Com informação da BBC