Grandes empresas pedem política de proteção à Amazônia – por Osíris Silva

Escritor e economista Osíris Silva/Foto: Divulgação

Líderes de 38 grandes empresas brasileiras e estrangeiras e de quatro entidades setoriais do agronegócio, do mercado financeiro e da indústria, enviaram, na segunda-feira, 6, uma carta-manifesto ao presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, o vice-presidente Hamilton Mourão. No documento, manifestam preocupação com o desmatamento, pedem providências e recomendam que a retomada da economia siga o rumo do baixo carbono. A carta foi também enviada na terça-feira, 7, aos presidentes do Supremo Tribunal Federal, José Antonio Dias Toffo, da Câmara Federal, Rodrigo Maia; do Senado, Davi Alcolumbre, e ao procurador-geral da República, Augusto Aras.


Manifestação direta dessa natureza é pela primeira vez apresentada ao presidente Jair Bolsonaro. Nela, dirigentes empresariais de peso se manifestam coletivamente e pedem ações socioambientais efetivas de combate ao desmatamento. Ao que salienta o documento, neste momento crucial em que “enfrentamos uma situação extrema, extraordinária e excepcional, é muito importante manter a serenidade e o equilíbrio para que possamos superar e sair fortalecidos dos desafios que se apresentam”. Sobretudo levando em conta que “em nenhum momento da história o futuro da humanidade e do planeta dependeu tanto da nossa capacidade de entendimento de que vivemos em um único planeta e de que a nossa sobrevivência está diretamente ligada à preservação e valorização dos seus recursos naturais”.

Os impactos sociais e econômicos causados em escala global e de forma inédita pela pandemia da COVID-19 nos advertem que a consumação de riscos associados à quebra do equilíbrio ecossistêmico traz consequências devastadoras quando negligenciados, tal como vem ocorrendo com o risco climático apontado pelo Fórum Econômico Mundial ano após ano, desde 2012. Cientes disso, afirma o documento, “o setor empresarial brasileiro, por meio de instituições e empresas dos setores industrial, agrícola e de serviços, vêm hoje reafirmar seu compromisso público com a agenda do desenvolvimento sustentável”.

Manifestando preocupação quanto ao impacto nos negócios da atual percepção negativa da imagem do Brasil no exterior em relação às questões socioambientais na Amazônia, o documento aponta o enorme potencial de prejuízo não apenas do ponto de vista reputacional, mas, efetivamente, sobre negócios e projetos fundamentais para o país.

Nesse contexto, o grupo coloca-se à disposição do Conselho da Amazônia para contribuir com soluções que tenham foco, preferencialmente, nos seguintes eixos: a) Combate inflexível e abrangente ao desmatamento ilegal na Amazônia e demais biomas brasileiros; b) Inclusão social e econômica de comunidades locais para garantir a preservação das florestas; c) Minimização do impacto ambiental no uso dos recursos naturais, buscando eficiência e produtividade nas atividades econômicas daí derivadas; d) Adoção de mecanismos de negociação de créditos de carbono; e) Direcionamento de financiamentos e investimentos para uma economia circular e de baixo carbono.

Algumas das empresas signatárias já desenvolvem aqui soluções de negócios que partem da bioeconomia, com valor agregado e rastreabilidade dos produtos. Entendem, com efeito, ser possível dar escala às boas práticas a partir de políticas consistentes de fomento à agenda ambiental, social e de governança. Destacam, ainda, ser necessário adotar rigorosa fiscalização de irregularidades e crimes ambientais na Amazônia e demais biomas brasileiros. Temos a oportunidade única, os recursos e o conhecimento para dar escala às boas práticas e, mais do que isso, planejar estrategicamente o futuro sustentável do Brasil, afirma o documento. Dentre as 38 empresas signatárias do documento, destacam-se: Agropalma, Alcoa, Amaggi, Ambev, Bayer, Bradesco, BrasilAgro, Cargill, Cosan, Eletrobras, Itaú, Klabin, Marfrig, Michelin, Microsoft, Natura, Santander, Shell, Siemens Energy, Suzano, Vale.

Manaus, 13 de julho de 2020.

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