Há noventa anos

Luiz Lauschner Escritor e empresário

O mês de setembro registrou uma temperatura, em Manaus, não vista nos últimos noventa anos: 38,9 graus centígrados. Nada tão assustador se compararmos com a sensação térmica no asfalto que muitas vezes ultrapassa os 50. Os manauaras rezam para que chova, uma vez que há mais de um mês não se vê uma chuva intensa. Não que haja qualquer risco de faltar água, uma vez que a umidade relativa do ar ainda está em torno dos 50%. A umidade amazônica não permanece baixa por muito tempo. Há enormes rios que cuidam para que isso não aconteça.


O intrigante nesta informação não é o fato de termos chegado a temperaturas altas, uma vez que o mundo todo fala em aquecimento global, apesar das temperaturas mais frias nos invernos na região norte. Novamente fala-se em desmatamento desenfreado, em efeito estufa, no fenômeno El niño, sem que se chegue a nenhum culpado. A sombra de uma árvore realmente diminui a sensação térmica para quem caminha próximo à linha do equador com o sol a pino. A água fria e abundante é bem-vinda como nunca. O intrigante mesmo é saber que há noventa anos tivemos temperaturas mais altas que agora.

Manaus em 1925 tinha cinco por cento dos habitantes que tem hoje. Não havia estradas e as ruas eram bem arborizadas. A maioria das embarcações ainda era movida à vela ou a remo. Os aviões eram raros e pequenos. Ainda não havia indústria de automóveis no Brasil. O estado do Paraná tinha 70% do seu território coberto por pinheirais. A vegetação nativa ainda cobria a maioria dos estados que hoje são celeiros do Brasil. Cidades, como Cascavel, Maringá e muitas outras não existiam nem no traçado. Isso sem falar de Brasília que começou a existir como cidade 35 anos mais tarde. A bomba atômica não tinha sido inventada

Se agora é o homem que gera essa distorção no tempo, quem era que fazia isso há 90 anos? Se hoje há cerca de 750.000 veículos em Manaus, há 90 anos não havia mais de 75. Os fatores que influenciavam o clima naquela época não são os mesmos de hoje? Se for verdade, a parcela de contribuição do homem é muito pequena. Se for tão pequena por que a preocupação com a preservação do meio ambiente e outros cuidados?

A influência localizada do desmatamento é facilmente notada. Não só pela ausência de sombra, mas pela erosão, pela cor da água dos rios, por enchentes súbitas e outros detalhes mais. No Amazonas ainda podemos observar um fenômeno apenas visto em áreas preservadas: o efeito da chuva ou da estiagem tem uma influência muito lenta sobre a subida ou descida dos níveis dos rios. Se as chuvas não tivessem nenhum impedimento e corressem diretamente para os rios, teríamos o fenômeno da enchente, como nos rios de montanha. Aqui, graças a isso, temos o fenômeno cheia em que a água sobe alguns centímetros por dia e não por hora como em outros locais. Isso é bom. Atacar árvores inertes é, antes de mais nada, um ato de violência.

Se a preservação é boa para um local, deve ser boa também no contexto geral. Ter águas limpas, rios cheios de peixes, sombra de árvores no quintal e nas praças é muito bom. Contudo, se há 90 anos tivemos um clima semelhante ao de hoje, quando não havia gases de efeito estufa, não havia devastação, não havia aviões a jato sacudindo nuvens, o que elevou a temperatura? Parece que os cientistas terão de refazer alguns conceitos e algumas ONGs corruptas mudar seu discurso se quiserem continuar a extorquir dinheiro de incautos com ameaça de catastrofismo.

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