História e cultura indígena fragmentadas – por Garcia Neto

Garcia Neto é professor e jornalista - Foto: Reprodução

Sobre a mensagem “Jesus te ama”, apresentada em vídeo pela índia Wanano Maria do Carmo Trindade, percebo que nossas raízes culturais continuam se fragmentando.


Conforme a cosmovisão dos Wanano, os povos dessa etnia não interpretam o contexto social dos ‘brancos’ através do conceito religioso tradicionalista dos ocidentais, mas de acordo com a visão muito assemelhada a dos Barasana, que falam de muitas ‘canoas anacondas’ trazendo os ancestrais dos indígenas para a região do Alto Uaupés.

Professor Garcia Neto.

Os Wanano interpretam o mundo em termos de Água, Rocha e Fumaça, partes do universo que têm seus próprios povos, e associados com os seres primordiais: Anaconda, Onça, Águia e seis classes de pessoa que devem ser controlados, especialmente Bisiu do reino da Fumaça.

Os Wanano se chamam ‘O Povo d’água’ e preferem viajar de canoa em vez de andar pela floresta, e preferem a pesca à caça.

Etnia indígena que habita a ambos lados del río Vaupés (Colombia y Brasil).

Sabe-se que os portugueses entraram no rio Uaupés em 1730, quando tropas foram mandadas para as cabeceiras para definir a fronteira brasileira. Entre 1740 e 1750, cerca de 20 mil índios foram escravizados.

Anos mais tarde, em 1849, foi estabelecida a primeira missão católica para os Rios Uaupés e Içana. Mas a contaminação religiosa se intensificou nessa década, quando o governo da Província convidou os franciscanos a fundar a missão em Taracuá. A partir desse momento a coisa ficou feia, com os religiosos ridicularizando toda cultura de um povo, inclusive a sabedoria dos pajés.

No entanto, eu gostaria muito de ver dona Maria do Carmo Trindade, apresentada como Wanano, mostrasse um pouco da atual organização social de seu povo, se seus costumes, língua, crenças e tradições continuam preservadas.

Gostaria de ver dona Maria exigindo de nossos governantes e políticos respeito, que parassem de falham descaradamente na garantia de seus direitos ainda violados e ameaçados pelo poder dos poderosos.

*Garcia Neto é professor e jornalista

Artigo anteriorRoteiro governamental bem bolado – por Paulo Onofre
Próximo artigoAmazonas sedia ‘I Encontro Regional do Plano de Enfrentamento das Hepatites Virais’

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui