
Brasil – Todo mundo já ouviu falar do HIV, vírus da aids. Mas, na verdade, o primeiro retrovírus humano causador de infecções e de câncer descrito é o HTLV-1 (ou Vírus T-Linfotrópico Humano do Tipo 1), no início da década de 1980. E não se engane: apesar de pouco conhecido, ele não é uma raridade e pode provocar problemas sérios.
Hoje, estima-se que de 10 a 20 milhões de pessoas em todo o planeta estejam infectadas com o HTLV-1. Apesar da transmissão ocorrer em diversas partes do mundo, sua prevalência varia segundo a localização geográfica, fatores étnicos e raciais e grupos populacionais mais expostos aos fatores de risco, como observado na Bahia. No Brasil, estima-se que 800 mil indivíduos carregam o vírus.
As principais formas de transmissão são: aleitamento materno, relação sexual desprotegida com pessoa infectada e contato com sangue infectado. Parecido com o HIV, não? Aliás, no Brasil, a detecção do HTLV-1 foi introduzida nos bancos de sangue a partir de 1993.

É importante destacar que a maioria dos pacientes permanece sem manifestar sintomas. No entanto, alguns indivíduos podem apresentar uma doença inflamatória, a HAM/TSP (sigla para Paraparesia espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV-1) ou um tipo de leucemia chamada de ATL (leucemia/linfoma de células T). Essas doenças acometem de 1 a 5% dos portadores do vírus.
A HAM/TSP é uma enfermidade crônica em que há comprometimento da medula espinhal, usualmente de início lento e progressivo. Os sintomas principais são alteração de força e dor nas pernas, retenção urinária e constipação intestinal. A doença afeta mais mulheres do que homens, geralmente entre os 40 e 50 anos de idade.
Apesar dos esforços em pesquisa, os fatores que favorecem o surgimento desse problema nos portadores do vírus ainda não são conhecidos. O mesmo acontece com a ATL, um tipo de câncer que muitas vezes pode matar.
Não há tratamento curativo para o HTLV-1. Os médicos recorrem apenas a terapias para controlar da inflamação medular, utilizada para amenizar os sintomas da HAM/TSP, especialmente entre os pacientes em estágio inicial, quando a inflamação é mais proeminente.
O mesmo também vale para as intervenções da ATL, de impacto usualmente ainda mais modesto. Por isso é de fundamental importância a prevenção da infecção pelo HTLV-1.