Imagens inéditas mostram ‘cidade’ de garimpeiros no interior de Roraima

A cidade foi descoberta durante operação do Exército Brasileiro/Foto: Exército Brasileiro

Imagens inéditas reveladas pelo Exército Brasileiro nesta quinta-feira (6) mostram uma verdadeira cidade de garimpeiros em plena selva amazônica, ao Norte de Roraima. No local, onde viviam pelo menos 800 pessoas, tinha mini-mercados, casas e até um salão de beleza improvisado.


Segundo o Exército, o garimpo, que nunca havia sido acessado por tropas legais, ficava entre as cidades de Alto Alegre e Amajari, a 310 Km da capital Boa Vista. A região foi alvo da operação ‘Curare VIII’ da 1ª Brigada de Infantaria de Selva (1ª BIS) que teve início em 22 de junho.

Foi durante a missão que um avião fretado caiu deixando quatro mortos: um piloto e três servidores do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Uma pessoa sobreviveu.

A estrutura do garimpo, que ficava em uma região de difícil acesso, impressionou os militares. “É uma cidade pequena com geradores, antenas satelitais, televisão, telefones celulares satelitais”, afirmou o comandante da 1ª BIS, general Gustavo Henrique Dutra.

A cidade foi descoberta durante operação do Exército Brasileiro/Foto: Exército Brasileiro

As quase mil pessoas que viviam irregularmente na região usavam o ouro extraído ilegalmente da reserva indígena como moeda para comprar alimentos, produtos de higiene e bebida alcoólica.

Durante a operação, homens do Exército, Polícia Federal e Ibama apreenderam quatro balsas, 4.755 litros de gasolina e 25 motores usados na extração do ouro. Esses equipamentos, conforme o Exército, rendiam em torno de 8 milhões de reais por semana aos garimpeiros.

Na ação, algumas pessoas foram autuadas e outras fugiram para dentro da mata.

Danos causados pelo garimpo

Para o geólogo Vladimir de Souza, o garimpo ilegal causa graves impactos ambientais, pois afeta a fauna, a flora e, principalmente, os recursos hídricos. Ele alerta que o uso do mercúrio na atividade tem contaminado a água do rio, os peixes e as comunidades indígenas que vivem na região.

Em 2016 uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que o nível de contaminação por mercúrio chegava a 92,3% nos povos das etnias Yanomami e Ye’kuana que moravam próximos a áreas de garimpo ilegal em Roraima.

“Tem grandes depósitos de ouro naquela floresta, debaixo do bioma da área Yanomami. Tem todos os tipos de impactos, desde o social, impacto ambiental de médio e longo prazo”, explica.

Vladimir detalha ainda como ocorre a contaminação pelo mercúrio. “Esse metal é pesado e vai direto para o fundo do rio, para o sendimento. Os peixes assimilam o sendimento e o mercúrio fica armazenado no tecido gorduroso deles e não sai mais. Quando esse peixe serve de alimentação para outras espécies vai passando esse mercúrio até chegar aos humanos”.

Profundidade do garimpo mostra degradação da Terra Indígena Yanomami/Foto: Exército Brasileiro

O geólogo afirma ainda que a contaminação de humanos pelo mercúrio pode levar anos para ser identificada e causa, principalmente, danos ao sistema nervoso central.

“Não há tratamento para expelir o mercúrio, apenas para remediar os efeitos da contaminação. Essa contaminação por mercúrio é um mal silencioso e de longo prazo”, afirma.

Permanência na região

Segundo o Exército, a equipe da 1ª BIS deve continuar na região para apreender mais materiais ilícitos. E afirma que a operação busca fortalecer a fronteira do país, contribuir no combate aos delitos transfronteiriços e ambientais, além de levar serviços de saúde à população indígena e reforçar o apoio à população regional.

Fonte: SPACE NEWS

 

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