
Agentes de saúde teriam “levado” o coronavírus para aldeias localizadas no Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas. É o que afirmam indígenas da região com maior número de grupos isolados e de recente contato do mundo.
“Suspeita-se que seja através dos profissionais da saúde ou funcionários do DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena), como aconteceu com nossos parentes da região do Solimões”, afirma a União dos povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), em nota. Eles também pedem “socorro” e “pronta resposta” a autoridades para o atendimento da população indígena.
O Ministério da Saúde informou que no último dia 4, quatro agentes de saúde testaram positivo, mas que não sabiam como haviam sido infectados. Os indígenas querem evitar o contágio e pedem providências por pare da Secretaria Especial de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde, à Fundação Nacional do Índio (Funai), ao governo do Amazonas e à Prefeitura de Tabatinga.
Após três meses de pandemia, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) disse que a resposta à doença é lenta. “As equipes de saúde estão despreparadas e, em muitos casos, entrando em área sem cumprir quarentena e desrespeitando as estratégias de isolamento das comunidades. Na TI Vale do Javari, a própria equipe da Sesai entrou contaminada transmitindo a doença nas aldeias”, disse a Coiab.
O Ministério da Saúde nega que agentes do governo tenham levado a doença para dentro da terra indígena. A pasta afirma que a “região tem como característica a passagem de comerciantes e pescadores” e que já cumpre recomendação do Ministério Público Federal (MPF) de testar profissionais para a covid-19 antes de enviá-los a campo.