A divulgação dos dados sobre o desmatamento na Amazônia Legal provenientes do sistema Deter, que indicam as tendências de corte na cobertura florestal na região, está atrasada novamente.
Até o dia 10 de outubro, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) não havia publicado os resultados do monitoramento feito pelo Deter nos meses de agosto e setembro de 2014. Nesses meses, quando a cobertura de nuvens na região é significativamente baixa, os dados deveriam ser publicados mensalmente, segundo informa o próprio INPE.
Os dados do Deter indicam a tendência de desmatamento na região, subsidiando decisões de governo para enfrentar suas causas. Interessam também à sociedade, pois possibilitam análises independentes que apontem virtudes e falhas nas políticas governamentais dirigidas ao enfrentamento do problema.
Atrasos deram o tom ao longo do ano
Responsável pelos sistemas que monitoram as alterações (desmatamento e degradação florestal) registradas na floresta amazônica, o INPE tem atrasado sistematicamente a divulgação dos dados do Deter desde o início do ano. Os dados referentes aos meses de fevereiro a abril foram publicados apenas em 23 de maio, no mesmo dia em que o site Mídia e Desmatamento na Amazônia solicitou ao instituto explicações sobre o atraso.
Já os dados de junho e julho de 2014 foram publicados apenas em 1o de setembro, cinco dias após a realização da Operação Castanheira. Na ocasião, os resultados do Deter apontavam uma nova tendência de aumento no desmatamento na região. Se essa tendência for confirmada pelo Prodes, será a primeira vez em dez anos que o desmatamento subirá por dois anos consecutivos.
Dados são importantes para confirmar queda do corte ilegal
A publicação dos dados de agosto e setembro são importantes por dois motivos. Os dados de agosto – que serão utilizados pelo sistema Prodes para fazer a estimativa de desmatamento de 2015 – podem confirmar se o desmatamento verificado pelo Deter, a partir de maio, se manteve com tendência de aumento ou se já apresentava sinais de desaceleração (veja a tabela).
Mês/ ano Área de alertas de desmatamento (km2) % de cobertura de nuvens da Amazônia Legal
Maio 2014 271,33 51%
Junho 2014 535,31 27%
Julho 2014 728,56 15%
Fonte: Sistema Deter/ INPE
Já os dados de setembro serão úteis para checar se, conforme divulgado pelo Ministério Público Federal (leia aqui), o desmatamento refluiu significativamente em virtude das prisões realizadas pela Operação Castanheira na região de Novo Progresso (PA). A decisão sobre a divulgação dos dados provenientes do monitoramento feito pelo INPE cabe aos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação e do Meio Ambiente.(MDA)