Insanidade governamental – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Caros leitores, vejo as manifestações pro e contra Bolsonaro. O que mais me impressionou na reunião que foi mostrada no vídeo, foi o conjunto da obra. Palavrões e delírios de ministros, escárnio e desrespeito com a Pátria, no momento que o país atravessa o pior momento da pandemia.



Em nenhum momento o Presidente fala no numero de infectados e de mortos. Falas coléricas, querendo salvar somente sua pele e de sua família. Confesso que sou totalmente contra o Presidente, e cada um tem o direito de manifestar seu desagrado ou aplauso ao governante de plantão. Certamente, jamais será pelo mecanismo criado pelos institutos de pesquisa, cujos questionários são às vezes tão herméticos e confusos a impedir o inquirido de uma resposta satisfatória. A vaia não tem regente, o som brota da alma do povo.

O governante ou líder político que tem formação democrática tem obrigação de receber estas manifestações, tanto as de desagrado quando as de regozijo, com o espírito aberto para poder retirar delas as lições a que se referiu Mirabeau. O panelaço que é feito em todo o Brasil contra o Presidente temos que ir nos acostumando pela sua repetição quase automática em qualquer situação em que o mandatário faz suas infelizes declarações.

Quando é apanhado de surpresa pelo insólito da manifestação popular, gravada com o timbre da espontaneidade e até mesmo do deboche que sua sensibilidade deve ter acusado, o presidente reage mal-humorado, em demonstração própria de seu estilo autoritário e não liberal. O presidente é homem de estrela brilhante e dotado de mediana inteligência e gosto pelo poder. Acostumado aos aplausos de claques organizadas as manifestações “fora Bolsonaro” reproduzem o que está latente no inconsciente coletivo com relação ao descuido do governo com aspectos moralizadores da administração, às recorrentes manifestações de desleixo e desatenção presidencial para com repetidas lesões à ética e sobretudo ao autoritarismo com que vem caminhando sua gestão.

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Consultor.

Tudo isto foi se assentando vagarosamente no espírito de cada cidadão, especialmente naqueles nascidos na formosa e irredenta terra carioca, tão irreverente na crítica quanto generosa no aplauso.

Seria o tempo e a hora de permitir-lhe profundas reflexões sobre o rumo de seu governo, do qual precisa urgentemente desvencilhar-se do autoritarismo e da ideia de que um Presidente da República manda tudo e em todos, sob pena de ter que amargar um processo de afastamento do governo.

Os políticos brasileiros, de uma maneira geral, estão decaídos na estima pública. Não será necessário gastar tinta em dizer o porquê desta grave crise que assola o Congresso, os partidos e os governantes em geral. Tal e qual para Bolsonaro, a vaia e o panelaço, é a grande lição dos políticos e governantes.

Que todos saibam retirar dela os preciosos ensinamentos que tão generosamente lhes foram ofertados. Mas por fim, precisamos dar um basta nessa insanidade governamental que se mistura com o ativismo fanatizado da extrema direita e com o silêncio dos democratas, ouso dizer que a retirada desse Presidente é necessária para que se evite o abismo.

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