Isolamento aumentou a pedofilia virtual

Foto: Reprodução

O confinamento devido à pandemia do coronovírus fez crescer outro problema: a pedofilia virtual. Conforme dados da BBC News Mundo, por exemplo, na semana de 17 a 24 de março, foram registrados, aproximadamente, 17 mil downloads de material com pornografia infantil, somente na Espanha.


Na semana seguinte, de 24 a 31 de março, os downloads subiram para mais de 21 mil, ou seja, aumentaram quase 25%. De fato, em um relatório do Serviço Europeu de Polícia (Europol) publicado no início de abril, sua diretora executiva, Catherine de Bolle, disse estar “preocupada com o aumento do abuso sexual infantil online” nos países mais afetados pelo pandemia.

Entre 1º de março e 15 de abril de 2019 na Itália, foram registrados 83 crimes relacionados à pornografia infantil virtual. No mesmo período deste ano — que coincide com o da quarentena — as denúncias foram 181, mais que o dobro.

Além disso, até agora este ano, a polícia italiana apreendeu 108.123 GB desse tipo de conteúdo digital, o que equivale a baixar 50 vezes a série inteira da Netflix La Casa de Papel no celular.

Por fim, a polícia italiana registrou uma diminuição na idade média das vítimas: até o momento, neste ano, os mais afetados são os menores de 10 a 13 anos.

Grupos de conversa

“Círculos pedófilos. É assim que os chamamos”, explica a inspetora Cecilia Carrión, integrante do Grupo 3 de Proteção de Menores da UCC.
“Lá eles compartilham opiniões, expressam livremente seus desejos, suas fantasias, trocam conselhos.”

Nesses mesmos fóruns, alguém pergunta se haverá “pessoas com packs (pacotes)” com crianças e se elas farão o upload de novos materiais em uma determinada plataforma online.

Os “packs” aos quais eles se referem geralmente são fotos ou vídeos de crianças, em muitos casos nuas ou enquanto estão sendo abusadas por um adulto.
Características

A maioria dos pedófilos que atuam online compartilham três características. A primeira é que “em 99% dos casos são homens”. A segunda característica é que os que chegam a esse tipo de fórum “são pedófilos com um certo conhecimento tecnológico. Isso permite que tomem medidas de proteção para navegar o mais anonimamente possível, e depois compartilham entre si.

Outro ponto é que os abusadores geralmente usam um perfil falso nas redes sociais mais frequentadas por menores ou fingem ser um deles nas conversas dos jogos online mais populares, como o Fortnite.

A especialista Marie-laure Lemineur, informa que, em alguns casos, a pedofilia acontece dentro de casa. “Pode ser o irmão, o pai, o avô ou um amigo da família que produz as imagens. Essas crianças vivem com os agressores, que, durante a quarentena, têm mais oportunidades de produzir esse conteúdo”.

Segundo Lemineur, esse é um problema que afeta todos os países, tanto do lado da demanda quanto da oferta. De fato, as autoridades policiais e organizações de outros países como Estados Unidos, Dinamarca, Suécia e Brasil alertaram para o mesmo problema.

“Algumas polícias, especialmente as dos países ocidentais, estão mais conscientes desse fenômeno”, conclui Lemineur. “Mas apenas porque não é tão visível em outros países, não significa que não exista”, acrescenta.

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