
Em entrevista ao Correio da Amazônia o deputado José Ricardo (PT) abriu o jogo e assumiu que é oficialmente o candidato de seu partido nas eleições para prefeito desse ano. Disse que o diferencial da sua campanha será a transparência sem recursos do caixa 2 e que espera contar com apoio dos movimentos sociais e da militância para vencer o pleito.
O pré-candidato petista disse, que por causa da preparação e da experiência, está preparado para a disputa e, que se vencer, já tem pronto um plano de governo que foi elaborado com a participação popular.
Como não poderia deixar de ser, José Ricardo fez duras críticas a atual gestão do prefeito Arthur Neto (PSDB) que, de acordo com ele, deixou muito a desejar por não cumprir o que havia prometido em campanha. “A gestão desse prefeito é um fracasso”, afirmou.
Confira a 1ª parte da entrevista:
Correio – Deputado o sr. é o candidato do seu partido ?
Deputado José Ricardo – A última vez que o PT lançou um candidato a prefeito foi o Praciano e antes do Praciano foi há 20 anos com o Barroncas. Você vê a quanto tempo o PT não disputava uma candidatura. Vinha sempre defendendo que o PT tivesse sua candidatura porque o PT, como todos os partidos, tem o objetivo de chegar até o Poder executivo municipal para poder implementar políticas públicas que acredita. Então aqui em Manaus é da mesma forma. Chegou o momento do partido disputar e apresentar suas propostas. Esse é o espírito que a gente tem.
Correio – Se o Praciano resolvesse concorrer?
José Ricardo – Se o Praciano fosse candidato ele seria o meu candidato. Inclusive, ele me ligou para me desejar boa sorte. Ele está se recuperando de um problema sério de saúde. Ele já até tinha mandado uma mensagem para os amigos dizendo que não iria mais ser candidato e que ele viria para ajudar na campanha assim que ele tivesse melhor.
Praciano é referência, é inspiração como político, que começou como vereador, teve quatro mandatos, dois como deputado federal e quando ele terminou, ele tinha o mesmo patrimônio de quando começou, com a mesma casa no Parque Dez, o mesmo carro e, só. Ou seja, alguém que entrou para a política partidária com cargos, mas não usou a política para fazer dinheiro, para ganhar dinheiro e enriquecer. Em agosto e setembro ele disse que viria para apoiar as candidaturas a vereador e a prefeito.
Correio – Com o episódio do impeachment, a sigla PT está, digamos, desgastada, com pouco crédito. O Sr. acha isso um peso? Como vai ter que retrabalhar essa situação?
José Ricardo – Acho que o peso maior que temos em Manaus é o prefeito Arthur Neto. Nós temos que tirá-lo porque ele é um peso para a população. Manaus precisa de uma administração que olhe para a população. Nós temos hoje um grande abandono. Sobre a questão partidária, o PT tem uma história de 36 anos de luta em prol das políticas públicas, que ainda não foram implantadas aqui na cidade de Manaus. Então são essas políticas, esses projetos, que o PT implantou em milhares de municípios do país, é o que vamos trabalhar aqui e, o primeiro item, é exatamente a participação popular.
Um dos projetos que o PT implantou no Brasil é o orçamento participativo, uma das 10 iniciativas que a ONU aponta como exemplo para ajudar numa boa gestão municipal. Esse o foco do partido com projetos e programas voltados para ajudar a população mais pobre. Esse é o foco que uma candidatura nossa vai trazer para a cidade de Manaus.
Correio – Ainda na esteira desse assunto, as grandes mídias colocaram o PT como tudo de ruim para o Brasil. De que forma o sr. vai trabalhar isso junto às pessoas?
José Ricardo – Hoje existem muitos partidos políticos e as pessoas não sabem qual o partido que o político está participando. Eu acho que essa questão partidária não deve ser nenhuma dificuldade porque se a gente analisar os partidos político aqui no Amazonas, e saber quais as pessoas que estão envolvidas em corrupção da Lava jato, por exemplo, descobre que não tem ninguém do PT envolvido ou citado, mas tem dos outros partidos, existem alguns políticos daqui do Amazonas citados. Então não há problema nenhum em relação ao partido porque as pessoas vão querer saber qual é a nossa proposta, o que nós vamos fazer para mudar essa realidade, e como mudar, por exemplo, a situação dramática que é o transporte coletivo. Nós temos falta de investimentos com esse serviço essencial, esse direito básico do cidadão. Esse é o foco principal. Acho que em relação ao partido não vai haver problema nenhum.
Correio – Com quem o Sr. conta como apoiadores nessa campanha?
José Ricardo – A gente espera contar com os movimentos sociais, que querem mudança na cidade. Nós temos dialogado com o movimento dos professores, que estão questionando a nível municipal, o plano de cargos e carreiras. Hoje um terço das escolas municipais são prédios alugados com instalações precárias. A gente tem o movimento de moradia, que quer um plano habitacional e o qual, nós iremos defender, porque o prefeito não construiu casas, não construiu apartamentos, nenhum loteamento para a população. Pelo contrário, o prefeito apoiou iniciativas para retirar ocupantes de terrenos ao invés de proporcionar alternativas.

Vamos contar com certeza com o segmento dos estudantes que querem um transporte de qualidade, quer o passe livre. Temos também que pensar nos pequenos produtores que produzem alimentos para a cidade de Manaus e que hoje não possuem nenhuma estrutura que possa facilitar, que possa fomentar a atividade produtiva no entorno da cidade de Manaus para a produção de alimentos, para a merenda escolar. Temos a área da saúde, onde nós acompanhamos o atendimento básico e estamos na esperança de conseguir um projeto que possa expandir o setor, que possa garantir mais qualidade junto às unidades e trabalho para o profissional na área da saúde.
Correio – O sr. se candidatou com a intenção apenas de marcar presença ou para ganhar de fato a eleição?
José Ricardo – Nossa candidatura é pra valer. Nós queremos administrar a cidade de Manaus. Administrar não como está hoje, que não tem transparência. Hoje o povo não é ouvido, o povo não está participando porque a administração que está não permite. Nós começamos a construção do plano de governo no ano passado. Tivemos seis seminários, um sobre transporte coletivo e mobilidade, o outro sobre saúde, educação, tivemos debate sobre política habitacional, tivemos um debate sobre a juventude, assim como um sobre saneamento. Então estamos construindo um plano de governo participativo e esse vai ser o formato. Agora vem a campanha, uma campanha militante com participação voluntária, de contribuição de pessoas físicas, nada de caixa dois, será transparência agora na campanha e depois transparência na gestão.

Correio – Existem pelo menos três candidatos fortes, que possuem padrinhos políticos fortes e, cujos temas dos planos de gestão tocam, praticamente, nos mesmos projetos do seu plano de governo. Qual será o diferencial da sua campanha em relação à deles?
José Ricardo – Eu já vi muitas campanhas políticas com muito dinheiro e a impressão que dá, é que os padrinhos políticos do passado…, eu não sei se vai ser agora…, sempre foi de muito dinheiro vindo de empresas, empreiteiras, fornecedores da prefeitura, de empresas contratadas, empresas licitadas, que prestam serviços para a prefeitura. Esse ano não tem doação empresarial, será pessoa física. Quero saber qual vai ser o padrinho que eles vão ter, porque, a maioria dos políticos tradicionais estão desgastados em nossa cidade e no Estado também; então as candidaturas vão ter que se focar na realidade da cidade.
Qual o diferencial então se pergunta? Das outras candidaturas eu não sei, mas ninguém vai chegar aqui pra criar promessas como já falaram em construir mil creches, 110 creches como o prefeito prometeu, e até agora não passou de 12. Eu acho que a população quer ouvir a verdade, quer ouvir uma proposta pé no chão, verdadeira, possível de ser implementada. E outra, o prefeito tem mandato de quatro anos, por tanto, você tem que falar que é de quatro anos, não de 10, 20 anos. Portanto, tem que ter planejamento. O prefeito tem que ser honesto, colocar a realidade financeira pra poder fazer e cumprir em etapas. As pessoas querem isso, hoje o momento é da transparência e eu acho que se é para colocar um diferencial é o da transparência e começa na eleição com a transparência dos recursos da campanha política. Nada de caixa dois. O momento é de fiscalizar. O candidato que entrar no caixa 2 é um criminoso, esse não serve para ser prefeito da cidade de Manaus.
Correio – Quem é o seu vice?
José Ricardo – Ainda não está definido porque, como PT está numa discussão política para uma aliança política com o PC do B, então falta fechar essa aliança e, nesse caso, deve sair um vice desse diálogo com o PC do B. No encontro do PT ficou definido que o partido poderia estar dialogando com os partidos que estão juntos contra a tentativa de golpe contra o país. Em nível local, são poucos os partidos que estão nesse arco de possibilidades: tem o PSOL e o PCB.
Correio – Qual é o perfil do seu vice?
José Ricardo – Quanto ao nome de pessoas não saberia dizer, mas quanto a vontade, tenacidade, firmeza pra gente enfrentar os problemas como eu estou, o vice que eu aponto como necessário tem que ter o mesmo espírito que nós estamos pra enfrentar os problemas e está do lado da população.
Continua: (na 2ª parte…)