Todo Brasil resgatou sua confiança na Justiça com o julgamento do Mensalão e agora com as decisões que envolvem a Operação Lava Jato.
Nosso povo, descrente dos políticos, depositou sua confiança e suas esperanças na Polícia Federal, no Ministério Público e no Poder Judiciário.
É bom acreditar nas instituições. É bom saber que temos homens e mulheres que honram seus cargos públicos e lutam por um país que combate fortemente a corrupção. Acordar ouvindo as sentenças do Mensalão ou as prisões da Lava Jato alenta as consciências indignadas dos brasileiros.
É por isso, por essa confiança na Justiça hoje nutrida pelos brasileiros e pela sede de combate à impunidade, que causou tanta indignação a decisão do Tribunal Superior Eleitoral que absolveu a chapa Dilma-Temer por 4 votos a 3.
Não foi uma simples decisão judicial fruto de divergências teóricas entre os 7 ministros que compõem o TSE. Foi uma decisão escandalosamente política e contaminada por interesses não republicanos.
Os ministros que votaram pela absolvição não se envergonharam de afastar qualquer critério jurídico pelo simples de desejo de deixar impune um presidente afundado num mar de lamas de corrupção, como é o presidente Temer.
Alguns dos ministros foram mais longe. Mudaram decisões já proferidas em fases anteriores do próprio processo, num escrachado achincalhe com o povo brasileiro.
Mas há o outro lado. A firmeza de convicções, de princípios e de respeito à lei nos 3 votos proferidos pela condenação, em especial o brilhante voto do ministro Herman Benjamin, que enche de orgulho a nós brasileiros e nos mostra que há homens e mulheres dispostos a combater a impunidade.
Fiquemos com os exemplos de retidão, de honradez e de decência daqueles que optaram, não por condenar simplesmente, mas por fazer cumprir a lei e a Justiça.
Aos que cumpriram a lei, o nosso orgulho. Aos outros, a vergonha e a condenação da história.
*Marcelo Ramos é advogado e professor
