
O advogado geral da União, José Eduardo Cardoso, segundo o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha “está faltando com a verdade”, cometendo “desvio de poder” ao afirmar que ele havia acatado o pedido de impeachment por “vingança” e como “retaliação” pelo PT negar a apoiá-lo no Conselho de Ética da Câmara.
O que nem Cardoso, nem Cunha, nem Dilma Rousseff, muito menos Lula reconhecem é que o pedido de impeachment decorre de uma imposição da sociedade que está indo às ruas exigir um basta a tanta corrupção e desprezo para o interesse público. A operação Lava Jato, por seu turno, abertamente e sem subterfúgio, configura, conforme ponderada análise de uma amiga, nada mais é do que o Mensalão II.
No escândalo do Mensalão a compra de votos se processou via conversas de pé de ouvido, em ambiente fechado. Hoje, ao contrário, as negociações ocorrem abertamente, sem disfarces ou rodeios, destaca a análise de minha interlocutora.
De fato, o que está realmente acontecendo é que a presidente Dilma Rousseff transformou o Palácio do Planalto em vergonhoso e aviltante balcão de negócios por meio de leilões de cargos e benefícios a grupos políticos detentores de poder para inverter a tendência da maioria do Congresso claramente pró impeachment, conforme o interesse da nação.
O balcão de negócios rousseffiano prevê, de acordo com analistas especializados, aos deputados que votarem contra o impeachment liberação de R$ 1 milhão para a construção de obras em seus redutos eleitorais. Aos que faltarem à votação, serão pagos R$ 400 mil flat. Fora cargos. Isso está o que está sendo oferecido nas negociações que se processam nos porões do Planalto.
Observam os analistas, por outro lado, que o mercado de votos para derrotar o impeachment apresenta viés de alta. Por isso, dirigentes de partidos e deputados individualmente preferem esperar para tomar decisão final contra ou a favor na próxima semana, quando o menos poderá ser mais. Muito mais.
O governo não leva em conta os sentimentos do povo que sai às ruas diariamente em busca de emprego, de assistência médica adequada, de moradia, de melhoramento urbano. Dada a miopia que o atinge, igualmente não enxerga, ou finge não ver, que a pesquisa nacional do IBOPE da semana passada mostrou que 69% dos brasileiros consideram o governo de Dilma péssimo ou ruim. Ótimo e bom, só 10%. Não confiam em Dilma: 80%, enquanto 82% desaprovam sua maneira de governar. Para 80%, o segundo governo Dilma está sendo pior do que o primeiro, e 68% acham que o restante dele será ruim ou péssimo.
O que mais falta à Dilma Rousseff para que tome uma atitude digna e responsável perante o povo que, sim, a elegeu, mas que hoje, por corrupção e incompetência, a rejeita, deixar o governo? A renúncia da presidente possibilitaria estancar de imediato, como na Argentina, os males que tantos prejuízos vem causando ao país.
Presidentes, primeiros ministros que se respeitam e respeitam o povo agem dessa forma. Renunciam. É assim no Japão, na China, como agora na Islândia (devido aos Panamá Papers”) e na grande maioria dos países civilizados.
Entretanto, por mais insólito que possa parecer, no lugar de renunciar, ou no mínimo pedir desculpas à nação pela roubalheira desenfreada que toma conta do Palácio do Planalto em escala nunca antes jamais vista na história este país, e aproveitar o momento histórico de desencontros políticos, sociais e institucionais para requalificar a máquina pública e promover as reformas de que o país necessita, a presidente Dilma Rousseff apenas apega-se ao cargo ferozmente sem, contudo, nada oferecer em troca à nação.
Pastas importantes, como Saúde, Educação, Ciência e Tecnologia, Agricultura e Desenvolvimento Industrial e Comércio Exterior e da Infraestrutura estão simplesmente sendo negociadas por meia dúzia de votos na Câmara dos Deputados com o único fim de salvar o mandato de uma presidente que não goza mais de respeito e legitimidade para governar o país.
Os interesses da nação ficam para depois, pois o compromisso primeiro do governo Dilma Rousseff é com o projeto petista de perpetuação no poder sem qualquer contrapartida. Mais importante que saúde, educação, segurança, geração de empregos, controle da inflação, contenção do déficit público, estabilização da economia, honestidade, seriedade e competência de gestão pública.
Importantes ativos que engrandecem uma nação.( Osíris Silva – Economista, Consultor de Empresas e Escritor)