Líder do MBL diz que Bolsonaro usa o Governo para proteger filhos

Foto: Reprodução

Líder do MBL (Movimento Brasil Livre) e um dos deputados mais novos da Câmara, Kim Kataguiri (DEM-SP), 23, mantém um posicionamento crítico ao governo Jair Bolsonaro (sem partido), a quem acusa de usar a estrutura do Estado para proteger o filho Flávio Bolsonaro (sem partido), investigado pelo Ministério Público.


Kataguiri, que apoiou Bolsonaro no segundo turno, nega que as críticas que faz ao presidente sejam “traição”. Ele justificou que a escolha foi pelo voto útil, contra Fernando Haddad (PT).

Com o planejamento de lançar o MBL como partido para as eleições majoritárias de 2022, o parlamentar, que foi um dos nomes a puxar protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), tenta criar um discurso para seu eleitorado em que ele se afaste tanto de Bolsonaro como do centrão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Em entrevista ao UOL e à Folha, em Brasília, o deputado também condenou declarações que flertam com o AI-5 feitas por pessoas próximas do presidente.

“Ninguém vai querer ficar colocando dinheiro num país em que o presidente da República ou seus aliados ficam ameaçando ruptura institucional”, disse Kataguiri.

Leia a entrevista a seguir, realizada no dia 10 de dezembro.

UOL/Folha – O governo tem demonstrado temor de que aconteçam no Brasil protesto como os que têm ocorrido em países vizinhos. Membros do governo e Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, citaram o AI-5. Como o sr. vê essas declarações?

Kim Kataguiri – Eu vejo com extrema preocupação. Não acho que seja comum você normalizar uma coisa como o fechamento do Congresso Nacional, como censura à imprensa. Acho que deve ser repudiado, principalmente no momento que ele constrói mais de uma direita republicana, de uma direita democrática. Depois que a imagem da direita foi destruída pela ditadura.

É ruim para democracia, o debate público e a retomada do crescimento econômico.

Ninguém vai querer ficar colocando dinheiro num país em que o presidente da República ou seus aliados ficam ameaçando ruptura institucional, tanto que a perspectiva de crescimento do PIB [Produtor Interno Bruto] no início do ano de 2019 era de 3% e a expectativa, agora, é de 1%.

O MBL apoiou Bolsonaro no começo de 2019 e agora é tachado de traidor por aliados do governo. Como o movimento lida com isso?

Bolsonaro não foi nosso candidato no primeiro turno. A gente decidiu apoiá-lo na última semana [das eleições] porque ficava claro que o segundo turno seria entre ele e Haddad, o que deixou bastante claro que seria o voto útil. Então, não há, em nenhum momento, traição do nosso lado.

Denunciamos no governo aquilo que foi promessa de campanha. A gente não está vendo essa agenda de privatizações. A gente não está vendo a reforma trabalhista mais profunda.

Em relação ao combate à corrupção, a gente vê o presidente da República utilizando o Estado de maneira patrimonialista, para proteger o próprio filho [Flávio Bolsonaro] de investigações

Outro ponto que, para mim, é absolutamente inaceitável é essa tentativa de ter hegemonia na direita. Qualquer um que se coloque como alternativa, qualquer um que faça qualquer crítica ao governo dentro do campo da direita é demonizado pelo Palácio do Planalto e pela rede de militância digital que o governo tem.

Ataques nas redes

O sr. tem domínio em redes sociais. Assim como o governo do presidente Bolsonaro, Carlos Bolsonaro. O que o senhor entende desses ataques? Eles são estratégicos? O governo faz isso para atacar inimigos e buscar essa hegemonia na direita?

A radicalização do governo e os ataques digitais são coordenados. Evidentemente, existe sim, uma rede, principalmente articulada por Carlos Bolsonaro [filho do presidente e vereador pelo PSC no Rio], principal responsável pelas redes sociais, inclusive do próprio presidente da República. E, além disso, há uma radicalização do discurso para continuar essa polarização com o PT, entre Bolsonaro e o PT, para no final das contas fazer com que Bolsonaro, em 2022, vá para o segundo turno.

E como se combate isso?

Não tem receita de bolo para combater isso. O MBL paga o preço por fazer um mea culpa e diminuir a polarização. Perde seguidor. Perde, alcance, engajamento, financiamento. Mas é um modo de tentar buscar o diálogo.

Buscar hegemonia dentro do seu campo político é fazer o que a gente sempre criticou no petismo. Que é o [ex-presidente] Lula sufocando a Marina [Silva], o Ciro [Gomes], sufocando outras lideranças na esquerda em nome do projeto totalitário de poder. E a gente não quer a mesma coisa do nosso lado.

Veja a entrevista completa

Fonte: UOL

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