Cerca de 100 livros foram descartados na frente de uma vila na rua Ferreira Pena quase esquina com a rua Curuçá, no bairro do Umarizal, em Belém, na manhã de ontem terça-feira (19). Moradores não identificaram quem praticou o descarte irregular, mas ficaram indignados com a atitude.
“Jogar livro fora é quase um crime!”, avaliou a estudante Juliana Gonçalves.
A jornalista Tássia Estevão não acreditou quando viu tanta obra sendo jogada fora. “Eram vários títulos jurídicos, mas também tinha uma coletânea da literatura portuguesa, filosofia, psicologia e muitos outros. A grande maioria estava em perfeitas condições”, contou. “Muito triste em presenciar esse fato, uma pessoa sensata jamais jogaria livros fora. Desejo que cada livro encontre seu leitor”, disse.
E de fato as obras encontraram seus leitores. Várias pessoas que passavam pelo local decidiram levar alguns exemplares. “Tinha livros para todos os gostos. Até dicionários. Quando passei por lá, tinha uma senhora com 10 livros na mão. Quando retornei, no fim do dia, não tinha mais nenhum livro lá”, informa Tássia. “Ainda bem que não está mais na época das chuvas, senão ia molhar tudo na chuva da tarde”, avaliou a jornalista.
Tássia acredita que os livros tenham sido descartados por alguém que mora na Passagem Belém, pois estavam bem em frente à vila. “Sempre fica cheio de lixo na frente dessa passagem e hoje, para a minha surpresa, essa pessoa achou que livro era lixo”, diz.
O bibliotecário da Universidade Federal do Pará (UFPA), Erik Pires, explica que, embora seja uma atitude pouco sensata jogar fora livros em vez de doá-los, a pessoa que cometeu esse ato não fez nada ilegal, desde que as obras tenham sido compradas pela própria pessoa e que não sejam de origem pública. “O que foi ilegal foi a atitude de descartar o material na via pública”, explicou.
“Se o livro for de origem pública, deve-se dar baixa no sistema e fazer doações a outras instituições. Bibliotecas públicas e comunitárias são ótimas instituições para doar livros”, explica.
Quanto ao descarte irregular na via pública, a Delegacia de Meio Ambiente (Dema) informou que o artigo 54 da Lei de Crimes Ambientais define pena de reclusão de até cinco anos a quem comete esse tipo de ato. “Descartar resíduos na via pública não é só uma infração administrativa. É um crime ambiental para o qual não cabe fiança. Infelizmente, muitas pessoas só passam a cumprir a lei quando percebem que esse é um crime sério e resulta em prisão em flagrante”, explica Juliana Cavalcante, delegada da Dema.
Livros podem ser doados
A Biblioteca Pública Arthur Viana, da Fundação Cultural do Pará (Centur), recebe diariamente doação de livros. Segundo o Centur, todos os meses a instituição recebe quase três mil livros em caráter de doação, mas uma boa parte deles – cerca de 30% – já chega em condições precárias.
Os que ainda estão em bom estado são inseridos no acervo das quatro bibliotecas mantidas pela FCP ou distribuídos para as bibliotecas municipais e comunitárias do estado. Outra parte deles é disponibilizada gratuitamente ao público no “Pegue e Leve” montado no hall da Biblioteca Pública Artur Viana.
Para revitalizar as obras que precisam de restauro, o Centur realiza oficinas de Restauro e Higienização de Obras e vagas são disponibilizadas à comunidade. Nas oficinas os participantes aprendem noções de conservação de acervos bibliográficos.
Serviço: Para doação de livros à Biblioteca Pública Arthur Viana, basta se dirigir à biblioteca no Centur, no 3º andar. Endereço: Avenida Gentil Bittencourt, 65. Telefone/email: (91) 3202-4332 / [email protected].
