Lula, o chefe dos chefes(Por Paulo Figueiredo)

Advogado Paulo Figueiredo (AM)
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                                                         Advogado Paulo Figueiredo (AM)

Para o Ministério Público Federal, com atuação na Lava-Jato, Lula foi o “comandante máximo do esquema de corrupção” que tomou conta da Petrobras e de outros órgãos públicos. Equivaleria ao “capo di tutti capi” da máfia italiana, ao chefe de todos os chefes, com assento na direção do maior partido de esquerda da América Latina, como o próprio Lula fez questão de destacar, em discurso proferido na sede do PT em São Paulo.
Lula não apresentou em sua defesa nenhuma novidade, a não ser os cabelos pintados de um negro intenso da senadora Gleisi Hoffmann, o mais recente e ostensivo papagaio de pirata do ex-presidente. Numa estranha entrevista coletiva, sem a participação de jornalistas, tivemos a velha cantilena da falta de provas, como se fôssemos um rebanho de idiotas, incapazes de perceber que os crimes praticados por Lula saltam aos olhos com evidência solar.


E ainda há quem escorregue na armadilha lulopetista, montada para dar alguma resposta aos delitos do ex-metalúrgico no comando da Nação e como dirigente máximo do PT. É claro que  nada se fazia na mais alta administração pública, como não se faz em relação ao seu parido, sem seu conhecimento e aval. Daí a conexão estabelecida pelos procuradores da República entre o Mensalão e o Petrolão, como faces da mesma moeda. Lá atrás, quem não lembra, o deputado Roberto Jefferson disse que alertou Lula sobre o esquema de compra de votos de parlamentares, sem que nenhuma providência fosse adotada pelo então presidente para conter as ações ilícitas. José Dirceu, ministro da Casa Civil, subordinado a Lula, terminou condenado, inclusive com base na teoria do domínio do fato, e suportou sozinho as penas pelos crimes cometidos. Encontra-se mais uma vez preso, apenado por seu envolvimento nos casos de corrupção da Petrobras, talvez um pouco de alma lavada no presente, com Lula finalmente trazido ao proscênio dos fatos criminosos, que enxovalham a ética e agridem a nacionalidade.

As provas contra Lula são incisivas, muitas já expostas e outras a serem oferecidas ao longo da instrução processual. Há uma sucessão de ocorrências que mostram sua participação em diversos procedimentos criminosos, que se estendem em depoimentos e em registros documentais e fotográficos. Ao seu redor, tem-se um clima permanente de suspeições e ilicitudes, desde as famosas palestras, algumas reconhecidas como não realizadas, mas pagas a peso de ouro pelas empreiteiras mergulhadas na Lava-Jato. Segundo documento entregue à Receita Federal, Lula aumentou seu patrimônio em 360%, ao saltar de R$ 1,9 milhão para R$ 8,8 milhões, entre os anos de 2010 a 2015, como verdadeiro mágico das finanças, milagre que também premiou a família, com filhos ricos e empresários de sucesso. Brotam, em seu círculo de relações pessoais e partidárias, um rol de delinquentes já condenados ou em vias de condenação, com nomes como de Silvinho Land-Rover, Delúbio Soares, Vaccari Neto, José Carlos Bumlai e Ronan Maria Pinto, isto para falar nos menos votados.

No imbróglio Petrobras, que redundou em bilhões de reais de prejuízos à maior estatal brasileira, era Lula quem dava as cartas e a palavra final sobre a nomeação de seus diretores. Alguns deles, todos condenados, privavam de sua intimidade, como Paulo Roberto Costa, tratado pelo ex-metalúrgico de Paulinho, e Nestor Cerveró, cujo depoimento Lula quis evitar a qualquer preço, em tratativas com Delcídio Amaral, vindas a público em gravações não contestadas. Ambos, beneficiados pelo instituto da delação premiada, revelaram a ingerência de Lula em atos ilegais e não republica nos.

No caso específico da compra do tríplex de Guarujá e das despesas de armazenamento do acervo presidencial, como justificar os pagamentos feitos pela OAS, também a respeito da reforma e da aquisição de mobiliário do apartamento, visitado em inúmeras ocasiões por Lula, sua mulher Marisa e seus filhos, tudo fartamente documentado com fotografias, notas fiscais e outras provas. Como é óbvio, não tem saída, mas mesmo assim Lula insiste em mostrar-se inocente, coitadinho, eterna vítima das elites e da grande mídia, que lhe tem dado um espaço fantástico, ainda que imerecido. O fato d o apartamento não ter escritura em seu nome não significa que não seja seu, somente assim possível de caracterizar-se como crime de ocultação de patrimônio.

Como de hábito, Lula e seus acólitos tentaram confundir a opinião pública, sustentando que o Ministério Público teria afirmado que formulara convicção sem prova sobre a autoria dos crimes que cometeu. Deu-se o contrário, uma vez que, nas palavras dos procuradores, a convicção consolidou-se precisamente em função do largo conjunto probatório, que afasta qualquer dúvida de que Lula sempre foi o “maestro de uma orquestra criminosa” que assaltou o erário.

Como não poderia deixar de ser, o ex-metalúrgico encerrou em grande estilo sua defesa, ao proclamar “a profissão do político como a mais honesta do mundo”, “porque todo ano, por mais ladrão que ele seja, ele tem que ir pra rua, encarar o povo e pedir voto”. Em sentido inverso do que acontece com os servidores públicos concursados que “tem emprego garantido para o resto da vida”. É incrível, quanto primarismo, um ato falho de Lula, na vã tentativa de desculpar-se por seus deslizes legais e éticos.(Paulo Figueiredo é Advogado, Escritor e Comentarista Político –   [email protected])

NR: Artigo publicado neste domingo(18), excepcionalmente)

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