
Dois estudos liderados pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP ajudam a entender como as ações antrópicas interferem no comportamento e na distribuição de mosquitos transmissores de malária na região amazônica.
O primeiro é o doutorado do biólogo Leonardo Suveges Moreira Chaves. Em um dos resultados, Chaves mostrou que as mudanças causadas pelo homem na vegetação da Floresta Amazônica diminuíram a biodiversidade de mosquitos e levaram o anopheles (Nyssorhynchus) darlingi a se tornar o principal vetor da malária na Amazônia, aumentando o risco de transmissão da doença.
Outro achado importante foi que ambientes florestais fragmentados, habitados por pessoas vulneráveis em casas precárias, são as fontes dessa espécie, enquanto habitats de florestas contínuas ou completamente desmatados, sumidouro.
“Fomos a assentamentos rurais em que havia ocorrência de malária e vimos essa relação: conforme o homem muda a paisagem, a comunidade de mosquitos também sofre alterações, favorecendo a dominância do Ny. darlingi”, explica Chaves. O trabalho deu origem a um artigo publicado em 2021 na revista
As principais causas do aumento do risco de malária em países endêmicos, incluindo o Brasil, são o desmatamento, mudanças nas comunidades de mosquitos, perdas de biodiversidade ligadas à agricultura, projetos de desenvolvimento de infraestruturas como usinas hidrelétricas, piscicultura, atividades de mineração, além da urbanização e invasão de terras indígenas para extração ilegal de madeira e mineração.