
Criado em 2003, o Estatuto do Idoso, que assegura direitos fundamentais ao público da terceira idade, completa 13 anos no próximo dia 1º de outubro, mas, com todo esse tempo, muita gente ainda ignora as garantias das pessoas com mais de 60 anos, o que faz com que as denúncias de violência contra esse público sejam ainda muito frequentes.
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), nos primeiros oito meses de 2016 foram registradas em Manaus 5.411 ocorrências de violência contra a pessoa idosa, sendo 1.014 furtos; 753 roubos; 580 ameaças e 497 casos de calúnia, injúria e difamação. Outros crimes como violência doméstica, estelionato, lesão corporal, maus tratos, homicídio e acidente de trânsito, também, aparecem no espelho.
O Governo do Amazonas tem se empenhado para reduzir esses números e até o próximo dia 6 de outubro realiza a “Semana Estadual do Idoso” para envolver a sociedade nos debates sobre o tema e informar sobre os instrumentos institucionais disponibilizados pelo Estado para a proteção da pessoa idosa. “Queremos que a população seja nossa principal aliada no combate aos crimes cometidos contra os idosos. Por isso, informar as pessoas é fundamental para que todos fiquem atentos e denunciem pelo Disque 100 ou 181. Não há a necessidade de se identificar. A pessoa idosa é prioridade e o Governo possui uma rede de atendimento como a delegacia especializada, o centro integrado de proteção e defesa, os Centros de Convivência do Idoso e os da Família, dentre outros, que atendem várias demandas diariamente”, explica a titular Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), Graça Prola.
De acordo com a secretária, o combate a violência domestica, garantia de direitos coletivos e atendimentos prioritários são algumas das principais frentes de atuação do Estado. “Garantir um processo de envelhecimento saudável e também combater a situação da população idosa em situação também são algumas prioridades que não são deixadas de lado durante todo o ano”, completou.
Ocorrências – As zonas sul (1.375) e norte (1.117), aparecem como mais incidentes em relação a violência, seguidos da leste (959), centro-sul (737) e oeste (453. Os bairros Centro (492), Cidade Nova (306), Alvorada (220) e Jorge Teixeira (211) possuem o maior número de boletins registrados.

Para a titular da Delegacia Especializada em Crimes contra o Idoso, Ivone Azevedo, a classe econômica da população influencia a incidência. “A falta de condição econômica e instrução cultural e educacional são fatores geralmente presentes em casos de crimes e agressões contra o público da terceira idade”, explicou.
Ainda segundo os dados, a população masculina tem o maior número de vítimas com 2.874 casos, enquanto q a feminina aparece com 2.537. Ivone disse ainda que a maioria dos crimes acontece no âmbito familiar. “Geralmente as agressões, sejam verbais ou físicas, são praticadas por um filho, um neto ou qualquer outro parente”, completou.
A delegacia, localizada no Parque Dez de Novembro, zona centro-sul, criada em julho de 2007, atende ao público em parceria com o Centro Integrado de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa (CIPDI), que funciona nas dependências da própria unidade policial. No local, vítimas e familiares recebem suporte de profissionais, como assistentes sociais e psicólogos, para tentar solucionar os problemas relacionados aos idosos. Eles também recebem orientação a respeito de prevenção e combate à violência.
Interior – Quanto ao interior, os números mostram de janeiro a agosto desse ano, 561 boletins no total, sendo que os três que mais aparecem são Presidente Figueiredo (a 117 quilômetros de Manaus) com 99, seguido de Humaitá (a 1.476 quilômetros de Manaus) com 97 e Iranduba (a 27 quilômetros de Manaus) com 94.
Estatísticas – Segundo o último senso do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), no Amazonas, em 2010 a população de idosos era de 210 mil, sendo que 91 mil residiam na zona urbana e 41 mil na rural. A estimativa do instituto para 2015 é que essa população havia crescido para 477 mil pessoas acima de 60 anos vivendo no Amazonas.