Manejo florestal comunitário contribui para a conservação da Amazônia

Instituto Mamirauá assessora pequenos extrativistas em atividades que geram renda.

Quando a floresta desaparece, todos são prejudicados. Mais do que uma máxima ambientalista, esse é um princípio que há tempos é sabido por comunidades que vivem em contato íntimo com a natureza. Inclusive, as que têm na extração de madeira uma fonte de renda. Na Amazônia, o projeto Mamirauá: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade em Unidades de Conservação, o BioREC, incentiva atividades econômicas que reduzem o impacto na floresta, como o manejo florestal.


“O manejo florestal é um planejamento do uso da floresta de forma que se trabalhe a conservação e a sustentabilidade da floresta”, diz a técnica em manejo florestal, Elenice Assis do Nascimento. Ela faz parte do Programa de Manejo Florestal Comunitário do Instituto Mamirauá, que presta assessoria há mais de uma década à comunidades que fazem uso econômico de recursos florestais madeireiros e não madeireiros no estado do Amazonas.

As atividades se concentram na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, localizada cerca de 600 km da capital Manaus. Ao lado da pesca e da agricultura, o manejo florestal compõe o calendário ribeirinho, com destaque para a extração e venda de madeira. Todo o processo é acompanhado pelos técnicos do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), e segue a legislação estadual que regulamenta a atividade.

A cada realidade, um tipo diferente de manejo florestal

Elenice Assis explica que o manejo florestal madeireiro praticado na Reserva Mamirauá é específico para áreas de várzea. A várzea é um ambiente mutável, que segue a dinâmica de cheia e seca dos rios. Por isso, a extração de madeira manejada costuma ser feita em apenas três meses do ano, entre dezembro e fevereiro, quando as florestas não estão inundadas pelo nível da água.

“Mas o manejo madeireiro não se resume à retirada e venda da madeira, ele é um conjunto de técnicas e metodologias que envolve as comunidades durante boa parte do ano”, ressalta Elenice. Com o projeto BioREC, a equipe de Manejo Florestal do Instituto Mamirauá realiza capacitações de exploração de impacto reduzido e orienta atividades prévias à extração madeireira, como o levantamento de estoque, classificação e cubagem de madeira.

Instituto Mamirauá assessora pequenos extrativistas em atividades que geram renda.

Entre 2014 e 2016, o BioREC promoveu capacitações anuais em mais de uma dezena de associações e cooperativas de extrativistas na reserva. “A meta é que essas organizações de manejadores se fortaleçam cada vez mais e façam o manejo florestal de forma independente”, diz a técnica do Instituto Mamirauá. Em 2017, quatro das associações extrativistas mais antigas da Reserva Mamirauá fizeram o manejo florestal madeireiro de forma autônoma.

Estímulo à copaíba e andiroba

Além da madeira, as árvores oferecem outros produtos e formas de uso que são estimulados pelo projeto BioREC para gerar renda e conservar as florestas. É o caso dos óleos de andiroba (Carapa guianensis) e copaíba (Copaifera spp.). As espécies, nativas da Amazônia, são muito usadas pela medicina natural no tratamento de machucados e dores.

O BioREC realizou mapeamentos junto com as comunidades da Reserva Mamirauá e Amanã e identificou áreas de ocorrência de árvores de copaíba e andiroba, existência do tradicional e o interesse para o manejo e extração sustentável das oleaginosas. Pesquisas biológicas estão em desenvolvimento para conhecer o potencial produtivo dessas áreas.

O projeto também investiga o aperfeiçoamento da tecnologia para extração do óleo de andiroba, experimentação e capacitação para o manejo sustentável das espécies de interesse, capacitação para o uso dos equipamentos e para a extração do óleo, pesquisas sobre a qualidade dos óleos extraídos e promoção de oportunidades de comercialização.
O BioREC

Para reduzir e transformar práticas que geram conversão florestal, degradação ambiental e emissões de gases de efeito estufa, o Instituto Mamirauá desenvolve, desde 2013, o BioREC. O projeto é financiado pelo Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e tem duração de cinco anos. Saiba mais sobre o manejo florestal e outras linhas de atuação do projeto na Amazônia.

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