
Em cada lar de nosso imenso território, existem vários questionamentos, os quais têm gerado inquietação, desolação e desespero em nossos compatriotas. Somos tripulantes de um imenso barco; nele somente alguns têm o privilégio de possuírem salva-vidas, algo indispensável nestes momentos de caos; este, porém, não é o caso da grande maioria. Em tal transcurso, temos passado por grandes tempestades, as quais nos têm deixado marcas indeléveis de dor e incertezas.
A nossa grande apreensão é não termos nenhuma perspectiva de melhora, pois o tempo apresenta-se cada vez mais nebuloso e sujeito a grandes variações. Nem sempre aquele céu azul de brigadeiro, representa calmaria. Muitas vezes tudo parece caminhar bem, entretanto, surgem grandes maremotos, os quais têm nos levados a grandes aflições. É o que tem sucedido com muita frequênciaem nossos dias. conseguir. Por exemplo, estamos num período tido com inflação acima da meta, os remédios também tiveram reajustes na ordem de mais de 30%; as taxas de serviços essenciais como água, luz e telefone e outros tiveram também as suas taxas reajustadas; o combustível, através dos aumentos ocorridos desde o começo do ano, isto sem falar no ovo, no café e nos alimentos básicos, os quais tiveram variações menores, entretanto significativas, para uma população que não recebe aumento como o Executivo em todas suas esferas, o Legislativo e o Judiciário.
O que mais nos chama a atenção é o fato de ocorrerem aumentos de tão grande monta, em tantos setores, e não se fazer refletir nos parâmetros de medição da inflação. Entretanto, apesar de não estarem transparentes nestes índices, eles têm causado grandes transtornos no minguado bolso do pobre brasileiro. Não me lembro de ter visto, lido ou ouvido comentários sobre momentos tão aflitivos como o que hoje presenciamos em nossa combalida sociedade. De forma absolutamente contrária, os índices que refletem a miséria agigantam-se de forma assustadora, causando-nos grande apreensão pelo que venha a acontecer, senão vejamos: a fome aumenta cada vez mais a face dura da miséria, revelando em nossas ruas o retrato do abandono do nosso povo.
Outro dia, ao sair da agência Boulevard do Banco Bradesco, deparei-me com uma cena comovente, para não dizer vergonhosa. Presenciei um aglomerado de pessoas, e aproximei-me para observar melhor o que estava acontecendo. A verdade era muito triste: no centro havia um tambor, onde foram colocados pelo dono do restaurante que fica praticamente ao lado, os restos de comida do dia anterior, já fétidos, diga-se de passagem. Neste momento, alguns pobres miseráveis disputavam aos murros tais detritos. Saí cabisbaixo, imaginando: o que significa a expressão cidadania para tais circunstantes? Ou para aqueles que passam a noite nas praças das cidades, em filas intermináveis, para conseguirem uma consulta em nosso mísero sistema de saúde? Ou ainda aqueles que moram em favelas, os quais representam hoje um número expressivo da nossa sociedade brasileira? O que me deixa perplexo é o fato de nossos governantes dizerem: “Não temos dinheiro suficiente para atender às necessidades básicas de saúde e educação da nossa população”. É importante observarmos que ambas representam um direito constitucional e, portanto, responsabilidade do Estado.
Não posso entender como isto é possível, se por outro lado presenciamos um fausto atendimento a banqueiros, aos quais não têm faltado recursos. Os bilhões que foram gastos com eles dariam para acabar com tais sofrimentos, senão totalmente, mas em grande parte. Nós, brasileiros, não queremos esmola. Queremos apenas, senhores, aquilo que está escrito de forma tão linda em nossa Constituição, o direito a saúde, educação e a alimentação.