Membros do Estado Islâmico recrutam brasileiros na Europa

Milhares de supostas fichas de inscrição na milícia terrorista Estado Islâmico foram reveladas na quinta-feira (10) por uma TV britânica. Terroristas desta e de outras facções menos conhecidas, buscam jovens estrangeiros na Europa para recrutamento.


Com ajuda de João (nome fictício), estudante do Ciência Sem Fronteras convertido e recrutado pelo EL, a Folha de S.Paulo passou a seguir os mesmos passos e tentar mapear o caminho dos recrutados.

João contou à reportagem que recebia todo o tipo de auxílio que sentia falta na Europa de seus novos “colegas”, como dinheiro e atenção. A cada semana surgem casos como o dele, como o da sueca Marlin Nivarlain, 16, e do belga filho de brasileira Brian de Mulder, 22. Todos tinham uma vida comum, até que abandonaram tudo para se unir ao Estado Islâmico (EI).

Para se infiltrar, a reportagem da Folha fingiu ter as aptidões buscadas pelos recrutadores: conhecimento de idiomas, fluência em tecnologia e atração pela filosofia islâmica radical. Ao chegar na Europa, se aproximou de grupos de brasileiros e estrangeiros mostrando interesse no Alcorão. Muitos deles, de fato, visam apenas disseminar ensinamentos pacíficos de Maomé.

Uns poucos, entretanto, dedicam-se a atividades obscuras. Com auxílio de João e identificando-se como um brasileiro de aspiração jihadista, a reportagem conseguiu chegar a um deles. Ao todo, ocorreram encontros com a reportagem em seis países da Europa, sempre intermediados por João.

A dupla de supostos aliciadores evitava andar acompanhada, não repetia o mesmo tipo de condução e nao revelou onde vivia. Eram dois jovens de aparência comum, sem sinal que remetesse ao radicalismo ou à religião. Nos primeiros encontros, não houve uma palavra sobre Estado Islâmico. Perguntavam sobre os relacionamentos no Brasil, a área de estudos e o contato inicial com o islã.

Após muitos encontros, eles afirmaram ter nacionalidade inglesa e operarem como recrutadores do Estado Islâmico —facção que, estimam agências de inteligência, tem 25 mil militantes na Síria e no Iraque e 5.000 na Líbia, boa parte deles estrangeira.

A dupla afirmou que sua missão era “levar os vocacionados a lutar na guerra santa, ajudando os irmãos na luta contra o mal”. Para auxiliar os escolhidos, disseram receber € 10 mil ao mês (R$ 40 mil).

A reportagem participou de diversos círculos de estudo em Lisboa e Barcelona. Em um dos encontros, sul-americanos estavam presentes, entre eles um argentino. Os aliciadores afirmaram receber cerca de 15 novos participantes por mês nesses círculos e, cada vez que dividem os grupos para não gerar suspeitas.

Ao final, duas opções foram então apresentadas: ir para a Síria, no território controlado pela milícia, ou assumir uma função no exterior. A maioria é encaminhada para treinamento e estudo aprofundado do Alcorão.

Quem prefere ir para a Síria, costuma seguir para a Tunísia, depois para a Turquia e dali por terra até o território dominado pelo EI. Quem opta por permanecer na Europa passa pelo treinamento e é levado a um líder geograficamente próximo para continuar o aprendizado até poder liderar o próprio grupo recrutador. Para isso, também é financiado.

Para os radicais, estudantes estrangeiros são os mais cobiçados. A tática descrita pela dupla explora o fato de essas pessoas conhecerem mal a cidade e viverem sós —os grupos de estudos são uma possibilidade para conhecer outras pessoas, o que torna a adesão mais rápida e eficaz. Além de estrangeiros, são visados jovens sem emprego e com problemas de adaptação social. “Procuramos pessoas que não apenas peguem em armas, queremos influenciadores.

Queremos agir como uma bactéria, sem sermos detectados até estarmos em todos os lugares e sermos incontroláveis”, afirmou um dos recrutadores.

(Notícia ao Minuto)

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