
Enquanto a regulamentação brasileira sobre o mercado de créditos de carbono tramita no poder legislativo, o mercado voluntário, quando as negociações são feitas diretamente entre as partes, segue em expansão. Segundo relatório da Ecosystem Marketplace, o valor dessas transações chegou a quase a US$ 2 bilhões em 2021, número quatro vezes superior ao registrado em 2020. A estimativa é que a demanda por créditos de carbono possa aumentar 15 vezes até 2030, e 100 vezes até 2050, conforme aponta a consultoria McKinsey.
Atualmente, são emitidos cerca de 5 milhões de créditos de carbono provenientes do Brasil por ano. Esse montante é menos de 1% do potencial anual do país, também de acordo com a McKinsey. A consultoria ainda aponta que o Brasil pode atender 48% da demanda por crédito de carbono até 2030, em função, principalmente, da região amazônica.
O CEO da certificadora brasileira de créditos de carbono Tero Carbon, Francisco Higuchi, doutor em Ecologia e Manejo de Florestas Tropicais (UFPR/INPA/ FFPRI Japão) e que possui mais de 15 anos de experiência em projetos florestais e de estimativa de carbono na Amazônia, defende que o país assuma, nos próximos anos, um protagonismo nesse segmento. Para ele, nos próximos anos, deve ocorrer um amadurecimento do mercado de créditos de carbono, com o surgimento de novos atores e mais investimentos para a área.
O impulso para a negociação de créditos de carbono, no curto prazo, deve vir dos fundos de investimento, defende o especialista. O mercado financeiro deve valorizar ainda mais as iniciativas sustentáveis e demandar componentes ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança), utilização de fontes de energias renováveis e compensações de emissões, por exemplo.
Outro avanço deve vir da facilitação da comercialização dos ativos ambientais, já que neste ano a B3 (bolsa de valores brasileira) anunciou uma parceria com a ACX Holding, uma plataforma para negociação de créditos de carbono, além de ter sido lançada a B4, uma bolsa de ação climática, para transação de créditos de carbono.